Ryan Reynolds admitiu finalmente ter sido ele a divulgar a famosa test footage de Deadpool em 2014, o que levou a 20th Century Fox a aprovar um filme classificado para maiores de 16 anos e focado num personagem que, na altura, era visto como “de nicho” no universo Marvel.

Embora esta revelação não surpreenda muitos fãs, Reynolds confessou tudo durante o Toronto International Film Festival esta semana, conforme avançado pela Entertainment Weekly. O ator disse estar “grato por ter feito a coisa errada naquele momento”.

Hoje Deadpool é um dos personagens mais populares do Universo Cinemático da Marvel, facto evidenciado pelo sucesso colossal de Deadpool & Wolverine no ano passado, arrecadando mais de mil milhões de dólares nas bilheteiras globais. Mas antes disso, Reynolds lutou durante anos para convencer os executivos da 20th Century Fox a dar luz verde a um filme independente, adulto e fiel ao espírito do anti-herói, depois da sua controversa estreia como Wade Wilson / Weapon XI em X-Men Origins: Wolverine (2009).

Ryan Reynolds na estreia
Ryan Reynolds admitiu finalmente ser o responsável pela fuga da test footage de Deadpool. Foto de Mathew Tsang/GC Images.

A sequência em CGI foi produzida em 2012 por Tim Miller, que mais tarde realizaria o primeiro Deadpool, e mostrava exatamente como poderia ser uma versão live-action e classificação R. Em 2014, três anos depois de Reynolds ter interpretado Hal Jordan no desastroso Green Lantern, esse vídeo apareceu misteriosamente online.

No clipe víamos o “Merc with a Mouth” em todo o seu esplendor irreverente: piadas adultas, muita violência estilizada e, claro, a quebra da quarta parede. A reação dos fãs foi tão positiva que praticamente obrigou o estúdio a aprovar o projeto tal como estava. “Sim, fiz batota, mas acho que percebi que era algo que as pessoas queriam ver”, admitiu Reynolds no TIFF. “E estou grato por ter seguido esse instinto, mesmo que fosse a escolha errada na altura”.

A aposta revelou-se certeira. Deadpool (2016) fez quase 800 milhões de dólares, o mesmo valor atingido pela sequela em 2018. Já Deadpool & Wolverine (2024), que trouxe os personagens para o UCM, arrecadou uns impressionantes 1,3 mil milhões de dólares, tornando-se no filme rated R mais lucrativo de sempre.

“Tínhamos gravado a test footage anos antes, mas o estúdio não queria arriscar”, explicou Reynolds. “Deadpool era visto como uma personagem secundária, muita gente nem sabia quem ele era. Eu adorava-o, porque sabia que estava dentro de uma história em banda desenhada. Era meta, era diferente. Mas a sequência estava lá, mostrava exatamente como podia funcionar e eles simplesmente não queriam avançar.”

Eventualmente, Reynolds confirmou a verdade de forma divertida: “Um idiota qualquer colocou aquilo online e eu, a olhar para o espelho enquanto escovava os dentes, pensei, ‘Amigo, o que é que acabaste de fazer? Isto pode dar cadeia!’ Mas a internet forçou o estúdio a dizer ‘vamos fazer este filme’ e 24 horas depois, o projeto já tinha luz verde”.

A grande questão agora é se Reynolds voltará a vestir o fato vermelho em Avengers: Doomsday, previsto para o próximo ano, ou se guardará forças para um eventual Deadpool 4. Os rumores apontam para a presença de Deadpool em Doomsday, ainda que não como membro oficial dos Vingadores. Os Marvel Studios ainda não confirmaram, mas o ator já deu várias pistas sobre o regresso.

Entretanto, foi também noticiado que a Marvel está a apostar num novo filme dos X-Men com um elenco mais jovem “para manter os custos controlados”, além de preparar Black Panther 3, enquanto Blade e um hipotético Deadpool 4 continuam em pausa.

Em maio, surgiram ainda informações de que Reynolds estaria a tentar desenvolver um crossover entre Deadpool e os X-Men. De acordo com o The Hollywood Reporter, a ideia seria partilhar o protagonismo com outras três ou quatro personagens dos X-Men, dando-lhes mais destaque e explorando novas dinâmicas. Reynolds reforçou que Deadpool nunca deveria fazer parte oficial dos Avengers ou dos X-Men.