As Forças Armadas israelitas (IDF, na sigla original) através do seu porta-voz em árabe, Avichai Adrai, pediram esta terça-feira, 9 de Setembro, a todos os residentes que “saiam imediatamente” da Cidade de Gaza, o maior centro urbano do enclave, antecipando uma ofensiva em grande escala contra a cidade.

“As IDF estão decididas a derrotar o Hamas e vão operar em toda a área da cidade de Gaza com grande força, como têm feito em toda a Faixa”, lê-se na mensagem partilhada no X. E reforça: “Ficar na zona é muito perigoso”.

Aponta um caminho para a fuga, “pela estrada Al Rashid, rumo à zona humanitária em al-Mawasi”, nos arredores da Khan Younis, referindo-se a uma área que o exército considera “segura” — mas que, no entanto, tem sido alvo de vários ataques israelitas.

Já na segunda-feira à noite, o primeiro-ministro israelita tinha antecipado um ataque em larga escala contra a Cidade de Gaza, com cerca de um milhão de habitantes. Num vídeo, pediu aos residentes que saíssem imediatamente, depois de anunciar que Israel ia aumentar os ataques.

Afirmou que, tal como prometido, as IDF conseguiram abater 50 “torres do terrorismo”, mas que se trata apenas de uma “introdução” que levará a um “acto principal poderoso”, uma “manobra no terreno das nossas forças que estão agora a juntar-se e a organizar-se rumo à cidade de Gaza”.

“Foram avisados”, afirmou.

Também nesta terça-feira, a agência noticiosa Associated Press escreve que o ministro da Defesa, Israel Katz, disse que Israel já conseguiu demolir 30 edifícios que pensam que o Hamas estaria a usar como infra-estrutura militar. Nos últimos dias, Israel tem bombardeado prédios residenciais como antecipação da sua já anunciada ofensiva terrestre.


Entretanto, nas primeiras horas do dia, vários ataques foram lançados contra a Cidade de Gaza, que deixaram pelo menos 25 desaparecidos nos escombros de um edifício, de acordo com a Protecção Civil de Gaza. As fotografias que chegam da Cidade de Gaza mostram os habitantes com panfletos escritos em árabe onde se avisaria da necessidade de saírem da cidade.

A indicação já tem sido criticada, nos últimos dias, por organizações não-governamentais, como a Amnistia Internacional, que considera a saída de todos os habitantes da Cidade de Gaza “impossível” nas condições actuais. Já milhares de pessoas já deixaram a Cidade de Gaza desde que Israel aumentou o bombardeamento. As estradas têm estado cheias, com pessoas a levarem todos os seus pertences rumo a sul, já sobrelotada com deslocados internos.

Face à perspectiva de um recrudescimento dos ataques, o Ministério da Saúde de Gaza pediu “protecção imediata” dos hospitais e respectivas equipas médicas que operam no norte do enclave e a abertura de vias de acesso seguras para essas instalações.

Tomar o controlo da Cidade de Gaza é visto como um marco, uma vitória para Israel. Um plano que tem críticos em todo o mundo, que temem que possa fazer escalar a crise humanitária, que já afecta os 2,2 milhões de residentes da Faixa de Gaza, e faça cair por terra os esforços para um cessar-fogo que garanta a libertação dos reféns israelitas ainda no enclave. Apesar dos esforços, os mediadores dos EUA, Qatar e Egipto ainda não foram capazes de levar Israel e o Hamas a um acordo.

Este anúncio acontece também um dia depois de um ataque contra um autocarro em Jerusalém ter feito pelo menos seis mortos, perpetrado por dois palestinianos que abriram fogo contra os passageiros antes de serem “neutralizados” por um membro das forças de segurança e um civil armado. O Exército de Israel já anunciou ter “operado nas localidades de Qatana e Qubeiba para levar a cabo uma inspecção das casas dos terroristas Mohamad Taha e Muzana Amro, que perpetraram o ataque de ontem”, lê-se num comunicado que não dá mais detalhes.