Vladimir Putin garantiu a Donald Trump e ao enviado especial dos EUA para a Ucrânia, Steve Witkoff, que pretende ocupar a região oriental de Donbass, na Ucrânia, em alguns meses, sublinhou Volodymyr Zelensky, em entrevista publicada esta terça-feira.
“Ele [Putin] disse aos americanos, à Casa Branca e ao representante do presidente Trump, Witkoff, que tomaria Donbass em dois a três meses, no máximo quatro meses”, disse o presidente da Ucrânia à ‘ABC News’. Recorde-se que Moscovo invadiu o Donbass, que inclui as regiões de Donetsk e Lugansk, pela primeira vez em 2014, antes da ofensiva em larga escala em 2022.
“É a parte mais fortificada, com as forças mais capazes”, disse Zelensky, explicando por que a concessão da região é inegociável para a Ucrânia. “É como uma fortaleza… e se retirarmos as nossas tropas e ele ficar com todo o Donbass, quem pode garantir que não avançará 90 quilómetros em direção a Kharkiv? Ele sempre quis Kharkiv”, referiu o presidente ucraniano.
Esta terça-feira, essas preocupações foram reforçadas por um ataque russo contra civis na região de Donetsk. Uma bomba planadora atingiu a vila de Yarova, a menos de 10 quilómetros da linha de frente, matando pelo menos 21 pessoas e ferindo quase duas dúzias de outras enquanto aguardavam para receber as suas pensões, denunciou Zelensky e as autoridades locais. Considerando o ataque de “francamente brutal”, o presidente ucraniano pediu à comunidade internacional que aumentasse a pressão sobre Putin.
“O mundo não deve permanecer inativo. É necessária uma resposta dos Estados Unidos. É necessária uma resposta da Europa. É necessária uma resposta do G20. É necessária uma ação enérgica para que a Rússia pare de trazer mortes”, apontou.
Os comentários de Zelensky sobre o Donbass seguem relatos de que Putin terá apresentado a Trump um plano de paz durante a reunião bilateral EUA-Rússia no Alasca, no passado dia 15, segundo o qual a Ucrânia cederia território desocupado em troca da promessa escrita de Moscovo de não invadir novamente.