Filmes de Solveig Nordlund, Pedro Pinho, Leonor Noivo, Ross McElwee e Eva Stefani também estão agendados para a 23.ª edição do Doclisboa – Festival Internacional de Cinema, a decorrer de 16 a 26 de outubro, anunciou hoje a organização, a cargo da Apordoc — Associação pelo Documentário.
“With Hasan in Gaza”, do realizador palestiniano Kamal Aljafari, filme que faz a estreia portuguesa na abertura do festival, é “uma homenagem urgente à resistência em Gaza”, construída a partir de filmagens feitas em 2001, quando o cineasta, acompanhado de um amigo, Hasan Elboubou, procurava um antigo companheiro de prisão, com quem fora detido em 1989, ainda adolescente.
Para o Doclisboa, “este é um ‘road movie'” através de “um território em resistência” em que a vida comum dos seus habitantes coabita com a permanente violência da ocupação, “um filme singular na obra do realizador de ‘A Fidai Film’ (2024)”, que, na atualidade, surge como contraponto “ao atual genocídio do povo palestiniano pelo Estado de Israel”.
Para o realizador, trata-se de “uma homenagem às pessoas, a tudo o que foi apagado” e voltou à sua memória “neste momento urgente da existência, ou inexistência, palestiniana”. “Um filme sobre a catástrofe e a poesia que resiste”, disse Kamal Aljafari, sobre a obra que recebeu o prémio Europa Cinemas, no Festival de Locarno, em agosto.
A fechar o Doclisboa será exibido “A Árvore do Conhecimento”, do realizador franco-norte-americano Eugène Green, cineasta atento à realidade portuguesa, que tem na sua filmografia obras como “A Religiosa Portuguesa” (2009), “Como Fernando Pessoa Salvou Portugal” (2018) e “Lisboa Revisitada” (2019).
No novo filme, também em estreia portuguesa, Green regressa a Lisboa para efabular sobre um adolescente, um ogre e um pacto obscuro, “numa crítica nem sempre velada ao modo como a cidade se rendeu ao turismo”, descreve o festival.
“A Árvore do Conhecimento” é uma coprodução luso-francesa, entre O Som e a Fúria e Le Plein de Super, com interpretações de Diogo Dória, Leonor Silveira, João Arrais, Ana Moreira e Rui Pedro Silva.
A programação do Doclisboa também vai incluir a estreia da versão integral de “O Riso e a Faca”, filme de Pedro Pinho premiado em Cannes no passado mês de maio (Melhor Actriz para Cleo Diára, na secção Un Certain Regard), assim como as primeiras exibições em Portugal de “Bulakna”, de Leonor Noivo, premiado na última edição do FID Marseille, e de “Remake”, com que o realizador norte-americano Ross McElwee regressa ao cinema ao fim de 14 anos.
Estes três filmes estão integrados no programa não competitivo “Terra à Lua”.
Na secção “Heart Beat”, será apresentado “Memórias do Teatro da Cornucópia”, de Solveig Nordlund, em estreia mundial, obra construída com recurso a imagens de arquivo de vários espectáculos da companhia fundada por Luís Miguel Cintra e Jorge Silva Melo, desde a sua origem, em 1973, até ao seu encerramento, em 2016.
Nesta secção também será apresentado, em estreia internacional, “Bull’s Heart”, da grega Eva Stefani, que documenta os bastidores do espectáculo “Transverse Orientation”, do coreógrafo Dimitris Papaioannou, e a sua digressão pelos teatros europeus. A obra esteve em cartaz no Teatro Rivoli, no Porto, e no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, em dezembro de 2021.
Em junho, o Doclisboa já anunciara uma retrospetiva dedicada ao cinema documental do realizador norte-americano William Greaves, numa parceria com a Cinemateca Portuguesa.
A programação integral da 23.ª edição do Doclisboa, com as secções competitivas, será anunciada no próximo dia 25, segundo a organização.
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