Após tratamento contra leucemia, Fabiana Justus enfrenta diagnostico precoce e especialista explica cuidados para prevenir complicações

Para preservar sua fertilidade em meio à luta contra a leucemia mieloide aguda, Fabiana Justus (38) precisou ser induzida pela ginecologista a entrar  na menopausa induzida. Diagnosticada em janeiro de 2024 e submetida a um transplante de medula em março, a influenciadora agora tem cerca de 30% de chance de voltar a ovular conforme avança sua recuperação.

A CARAS Brasil conversou com a ginecologista endócrina Maira Campos, que explicou os cuidados imediatos e a longo prazo necessários em casos de menopausa precoce induzida.

Reposição hormonal: quando iniciar e como conduzir?

“O manejo imediato é fundamental para a qualidade de vida da paciente. Assim que confirmamos a amenorreia, geralmente após 3-6 meses, e temos liberação oncológica, iniciamos a terapia de reposição hormonal”, explica a médica.

Segundo ela, a escolha do tratamento precisa ser personalizada: “Minha preferência é começar com estradiol 2 mg associado a um progestágeno. Posso usar via oral, adesivos transdérmicos ou até anel vaginal, dependendo dos sintomas predominantes. O importante é individualizar! Uma paciente de 25 anos que entra em menopausa não pode ficar sem hormônios, os riscos são enormes.”

Nos primeiros meses, o acompanhamento deve ser rigoroso: “Nos primeiros meses, vejo essas pacientes mensalmente para ajustar doses e monitorar a resposta. É um período delicado que exige atenção redobrada”, ressalta.

Acompanhamento de longo prazo

Para a especialista, o seguimento é permanente: “O seguimento é para a vida toda! Nos primeiros 6 meses, consultas mensais. Depois, semestrais com avaliações anuais completas.”

Ela detalha os exames indispensáveis: “Monitoro o perfil hormonal anualmente, faço densitometria óssea a cada 2 anos, porque a perda óssea é acelerada, e acompanho perfil lipídico e glicemia. É como ter um ‘radar’ ligado para detectar precocemente qualquer complicação.”

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A médica alerta ainda que o cuidado vai além da reposição: “Essas pacientes precisam entender que não é só repor hormônio e pronto. É um cuidado integral que envolve prevenção cardiovascular, óssea e metabólica.”

Riscos e prevenção

As alterações metabólicas e endócrinas a longo prazo exigem atenção redobrada: “Infelizmente, são muitos e sérios. A osteoporose é uma das mais preocupantes, essas mulheres podem perder 2-3% da massa óssea por ano! Por isso a reposição hormonal precoce é tão importante.”

O impacto no coração também é expressivo: “O risco cardiovascular também dispara. Sem estrogênio, há alterações no perfil lipídico, aumento da resistência insulínica, maior tendência à hipertensão. A síndrome metabólica acomete 40-60% dessas pacientes.”

Apesar dos desafios, a médica reforça que há como contornar o cenário: “Mas quero deixar claro: não é uma sentença! Com acompanhamento adequado, reposição hormonal bem conduzida, exercícios regulares e alimentação saudável, conseguimos prevenir ou minimizar essas complicações. O segredo está no diagnóstico precoce e manejo proativo.”

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