Martim decidiu agarrar-se aos lençóis da cama, depois de o despertador tocar pela manhã. Era o primeiro dia de aulas, mas o rapaz estava decidido a ficar em casa.
“Não importa que os pais fiquem chateados, que o castiguem e não o deixem jogar consola durante um mês. Hoje é o seu primeiro dia de aulas, mas o Martim simplesmente não quer saber. Ele decidiu que não vai à escola! Quer ficar em casa!”
Quem assim escreve é o professor do ensino básico e pedagogo Antonio Pérez Hernández, especializado em Educação Musical, Audição e Linguagem e Pedagogia Terapêutica.
Eu não Quero Ir à Escola! segue-se a Eu não Quero Ler!, Eu não Quero Ir para a Cama! e Eu não Quero Largar o Telemóvel! Uma colecção bestseller internacional, traduzida para sete línguas e que o autor define como “histórias inspiradoras que celebram as descobertas e o prazer de aprender”.
Neste título, a descoberta será a de que, afinal, ficar sozinho em casa entre consolas, televisão e brinquedos é muito menos entusiasmante do que estar na escola com amigos alegres e professores dedicados.
A dada altura da manhã, o menino, aborrecido, questiona-se, enquanto se vê ao espelho: “Perdi a cabeça?” Despenteado e de pijama vestido, reflecte: “Hoje é o meu primeiro dia de escola… Um dos dias mais importantes da minha vida! E o que é que eu faço? Fico em casa sozinho a brincar com os meus brinquedos! Passei o Verão todo a fazer a mesma coisa! E já estou farto de brincar!”
“Tenho de ir para a escola! Tenho de fazer amigos! E tenho de aprender coisas novas”, acaba por concluir o rapaz
Antonio Pérez Hernández
A importância dos contos na comunicação
Antonio Pérez Hernández, espanhol, é mestre em Investigação e Inovação na Educação, tendo como foco de interesse a importância dos contos no desenvolvimento da comunicação no ensino básico. O título da sua tese de doutoramento revela justamente essa preocupação: “Avaliação da competência em comunicação linguística através dos contos no ensino básico”.
O facto de continuar a ser professor permite-lhe o convívio directo com crianças entre os 6 e os 10 anos, pelo que quotidianamente se apropria das suas aspirações, brincadeiras e inquietações.
Ao transpor esses comportamentos e emoções para as histórias simples que cria, numa linguagem fluida e adequada àquele grupo etário, com facilidade conquista os pequenos leitores, que com elas se identificam. Na escrita, parece-nos, no entanto, excessivo o uso de pontos de exclamação e de reticências.
Martim acabará por resolver ir à escola. Mesmo chegando atrasado e num carro da polícia (não iremos contar porquê), foi bem acolhido e logo se integrou no grupo.
Quem mais o surpreendeu foi o professor de música. “Que homem tão divertido!” Mais ainda quando lhe passou uma pandeireta para as mãos e distribuiu outros instrumentos por todos os alunos. “Bate-lhe com a mão, canta e ri, canta… e sorri.”
Quando o relógio marcou a hora de saída, Martim não queria acreditar na velocidade com que o tempo passara, muito diferente da lentidão de quando estava sozinho.
No regresso a casa, contou à mãe, quase sem fôlego: “Cantei uma canção… e fiz um desenho… toquei um instrumento musical… e fiz amigos novos… e também joguei futebol… e…”
Antonio Pérez Hernández
No regresso a casa, a mãe quis saber o que fizera naquele dia inicial de aulas, e o rapaz quase perdeu o fôlego de entusiasmo: “Cantei uma canção… e fiz um desenho… toquei um instrumento musical… e fiz amigos novos… e também joguei futebol… e…”
Suspeitamos de que no dia seguinte e nos outros adiante, Martim não voltará a ficar escondido debaixo dos lençóis.
(Desejos de bom ano lectivo para alunos, professores e todos aqueles que fazem as escolas funcionar.)
Texto e ilustração: Antonio Pérez Hernández
Tradução: Ana Rita Sousa
Revisão: Beatriz Fonseca
Paginação: Ana Seromenho
Edição: Presença
80 págs., 11,90€ (online 10,71€)
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