Cerca de metade da população mundial com diabetes não soube que tinha a doença, revelou um estudo publicado na revista The Lancet Diabetes & Endocrinology. A investigação, baseada em dados de 2023 provenientes de 204 países e territórios, mostrou que 44,2% das pessoas com 15 ou mais anos não tinham consciência do diagnóstico.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 830 milhões de pessoas sofreram de diabetes em 2025, número que deverá atingir 1,3 mil milhões até 2050.
Apesar do aumento de diagnósticos desde o início do século, o estudo indicou que a percentagem de doentes com acesso a tratamento ou com níveis de açúcar devidamente controlados permaneceu reduzida.
As desigualdades regionais revelaram-se significativas. Na África Subsariana Central, menos de 20% dos doentes tiveram conhecimento da sua condição. Em contrapartida, os residentes em regiões de alto rendimento da América do Norte apresentaram maior probabilidade de diagnóstico, enquanto os pacientes tratados no sul da América Latina registaram melhores resultados no controlo glicémico.
Globalmente, 8,6% dos doentes diagnosticados não receberam tratamento, e entre os que o fizeram, 58,4% mantiveram níveis de açúcar mal controlados. No total, quase quatro em cada cinco pessoas com diabetes não conseguiram estabilizar a doença.
A diabetes não tratada provocou complicações graves, como cetoacidose diabética, além de danos no coração, rins, olhos, nervos e vasos sanguíneos.
De acordo com a OMS, os sintomas mais comuns incluíram visão turva, fadiga persistente, perda de peso sem causa aparente, sede constante e micção frequente. Estes sinais evoluíram lentamente durante anos, exceto na diabetes tipo 1, menos comum, que exigiu tratamento imediato com insulina.
Os autores do estudo defenderam que reforçar a capacidade dos sistemas de saúde para detetar e gerir a doença foi crucial para reduzir o impacto global e melhorar a qualidade de vida dos doentes.