A família do autor Manoel Carlos ingressou com uma ação contra a TV Globo, pedindo maior transparência nos pagamentos de direitos autorais. O processo corre na 21ª Vara Cível do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro e foi movido pela produtora Boa Palavra, criada por Julia Almeida, filha do escritor, para administrar seu legado.

Qual o atual estado de saúde de Manoel Carlos?

Na petição, a empresa sustenta que a emissora não apresenta relatórios detalhados sobre valores referentes a reprises, licenciamentos internacionais e possíveis remakes. A família afirma receber pagamentos, mas alega ausência de clareza sobre a forma de cálculo.

Em trecho obtido pela Folha de S.Paulo, a Boa Palavra reclama que a Globo “apenas informa os valores pagos, sem explicar como chegou a eles”.

De acordo com o documento, a produtora tentou negociar diretamente com a emissora. No entanto, diante da falta de retorno, optou por buscar respaldo judicial. O pedido exige que a Globo apresente planilhas detalhadas desde 2015, especificando critérios e valores de cada repasse. Caso surjam inconsistências, a Boa Palavra poderá mover uma nova ação pedindo reparação.

Reprises e remakes aumentam disputa

O impasse ganhou força em meio à reprise de “História de Amor” (1995), exibida atualmente nas tardes da emissora, e ao anúncio de um remake de “Páginas da Vida” (2006) em Portugal.

Manoel Carlos aparece em raro clique

Ambos os projetos reforçam a relevância da obra de Maneco, mas também levantam questionamentos sobre transparência contratual.

A Globo, informou que ainda não recebeu notificação oficial. Apesar da resposta breve, o processo expõe tensões em torno do modelo de distribuição de direitos autorais, tema recorrente entre autores e emissoras no Brasil.

Legado de Manoel Carlos

Manoel Carlos construiu uma carreira marcada por personagens icônicos e principalmente histórias emocionantes. Autor de 16 obras para a TV, entre novelas, minisséries e séries, estreou na Globo em 1978, saiu em 1983 e retornou em 1991, permanecendo até 2015.

Criou sucessos como “Por Amor” (1997), “Laços de Família” (2000) e “Mulheres Apaixonadas” (2003), além de séries como “Presença de Anita” (2001) e “Maysa” (2009). Seu último trabalho foi “Em Família” (2014).

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Destaque ao retratar dramas familiares e por dar vida às “Helenas”, protagonistas femininas que marcaram a teledramaturgia, Maneco deixou sua marca na cultura popular. Hoje, recluso devido ao Mal de Parkinson, o autor vive longe da vida pública. Sua filha Julia, responsável pela Boa Palavra, atua na preservação e gestão do legado do pai.

O processo contra a Globo reacende discussões sobre transparência e direitos autorais em uma indústria que ainda depende de reprises e adaptações para manter viva a memória de seus grandes autores.