A Rússia afirmou, este domingo, ter lançado um míssil de cruzeiro hipersónico Zircon contra um alvo no mar de Barents, no Oceano Glacial Árctico, entre a Rússia e a Noruega, no âmbito de exercícios militares onde também terão sido usados caças-bombardeiros supersónicos Sukhoi Su-34.

O disparo do míssil esteve integrado parte dos exercícios militares conjuntos entre a Rússia e a Bielorrússia, conhecidos como Zapad 2025, que começaram na sexta-feira e deverão terminar na terça-feira, dia 16 de Setembro.

De acordo com as imagens reveladas pelo Ministério da Defesa russo, o míssil foi lançado de uma fragata, a Almirante Golovko, da Frota do Norte, com o objectivo de chegar a um “inimigo simulado”. O vídeo mostra vários ângulos do lançamento do míssil, que começa por ser disparado na vertical, prosseguindo o voo na horizontal rumo ao horizonte. Com sucesso: “De acordo com os dados de monitorização objectivos recebidos em tempo real, o alvo foi destruído por impacto directo”, afirmou o Ministério.

Por sua vez, as equipas dos caças-bombardeiros Sukhoi Su-24 (conhecidos como Fullback pela NATO), que também pertencem à Frota do Norte, participaram no exercício para “praticar ataques de bombardeio” contra alvos terrestres, acrescenta o mesmo comunicado divulgado num canal de Telegram.

De acordo com Valdimir Putin, Presidente russo, os mísseis Zircon (conhecidos como SS-N-33 pela NATO) atingem nove vezes a velocidade do som (Mach 9) e podem ser usados contra alvos no mar e em terra, a uma distância de mais de mil quilómetros.

Fazia parte dos planos para o exercício militar Zapad – que quer dizer “Ocidente” em russo —, que previam colocações navais nos mares Báltico e de Barrents e no Oceano Árctico.

Em terra, os exercícios devem acontecer principalmente na Bielorrússia, em locais perto da fronteira com a Polónia —o que está a causar particular preocupação depois da incursão de drones de fabrico russo no espaço aéreo polaco —, e na parte ocidental da Rússia. Serão utilizados veículos de combate, helicópteros, navios, além de drones e inteligência artificial.

De acordo com a Bielorrússia, um dos exercícios vai servir para preparar o uso dos mísseis Oreshnik, de fabrico russo e com capacidades nucleares.


O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, disse, na quinta-feira, que eram manobras que “não estão dirigias contra ninguém”. Moscovo e Minsk mantêm que os exercícios são puramente defensivos e que servem para melhorar a coordenação militar da chamada União da Bielorrússia e da Rússia, a aliança económica e militar entre os dois países, em caso de ataque. Acontecem a cada quatro anos desde 2009.

No entanto, estão a ser vistos com desconfiança pelos vizinhos, nomeadamente a Polónia, que criticou o exercício.

É que, da última vez que se realizaram, em 2021, as forças russas permaneceram na Bielorrússia durante vários meses depois do fim de concluídos, em número suficiente para alavancar a invasão em larga escala da Ucrânia, uns meses depois, já em 2022.

Nessa edição, e de acordo com os números revelados depois do fim do exercício, terão participado cerca de 200 mil militares. Desta vez, os números oficiais indicam que, só do lado bielorrusso, participam 13 mil militares.

Apesar de Minsk garantir que deverá acontecer “a uma distância significativa” da fronteira com a Polónia, Varsóvia preparou e leva a cabo os seus próprios exercícios na fronteira com a Bielorrússia, detalha o vice-ministro da Defesa, Cezary Tomczyk.

São os Iron Defender e contarão com cerca de “30 mil soldados” no total, “5000 na fronteira”, contabiliza em resposta à Reuters. É que, depois da incursão dos drones de fabrico russo, este é o ponto mais próximo de um “conflito aberto” que se registou desde a II Guerra Mundial, nas palavras do primeiro-ministro polaco Donald Tusk.