O Governador do Utah disse este domingo que o suspeito do assassinato de Charlie Kirk “não está a cooperar” com as autoridades e ainda não confessou a autoria do crime. O republicano Spencer Cox adiantou, porém, que “todas as pessoas à sua volta estão a cooperar”, algo que tem sido “muito importante”. Antes de ser detido, Tyler Robinson terá confessado (ou sugerido) ser o autor do crime a alguém próximo, que alegadamente o incentivou a entregar-se.

Com base na informação recolhida pelas autoridades, o governador republicano retratou, numa entrevista à ABC News, Robinson como um “jovem muito normal” que ter-se-á “radicalizado” pouco tempo depois de abandonar a faculdade e voltar para a sua cidade natal no Utah, onde viveu durante os últimos anos. O Governador republicano avançou também que o suspeito tinha uma relação amorosa com um homem que estava num processo de mudança de sexo.

De acordo com Cox, o namorado de Tyler Robinson não tinha conhecimento prévio das intenções deste e ficou “chocado” por ver o parceiro envolvido no assassinato de Kirk. O namorado era colega de quarto de Tyler e, segundo as autoridades, está a cooperar com a investigação, tendo nomeadamente partilhado mensagens privadas que incriminavam o presumido assassino. Charlie Kirk tinha expressado publicamente posições críticas em relação aos direitos de pessoas transgénero. Até agora, as autoridades não avançaram a motivação do suspeito.

O governador eleito pelo Partido Republicano disse ainda que “havia claramente uma ideologia esquerdista” associada ao assassinato de Kirk. E afirmou mesmo, com base em familiares e no seu parceiro, que a ideologia política de Tyler Robinson era “muito diferente” daquela que tinha a sua família conservadora. “Estamos a tirar muitas conclusões sobre como alguém assim poderia se radicalizar”, disse, sem avançar mais detalhes. “Certamente, haverá muito mais informação a ser divulgada nos documentos de acusação, à medida que forem reunindo tudo isso”, afirmou, antecipando a acusação que será conhecida na terça-feira.

Tyler Robinson foi detido pelas autoridades norte-americanas na quinta-feira à noite (na madrugada de sexta-feira em Lisboa), cerca de 33 horas depois de ter alegadamente ter alvejado Kirk de forma fatal. Por volta das 13 horas (hora local), recebeu uma mensagem de um conhecido, num grupo com cerca de 20 pessoas, que lhe perguntava: “Onde estás?”, seguido de um emoji com uma caveira. O FBI tinha acabado de publicar imagens de segurança do alegado atirador do ativista pró-Trump, antes da sua identidade ter sido revelada.

O estudante de engenharia de 22 anos respondeu prontamente: o seu “duplo” estava a tentar “arranjar-lhe sarilhos”, escreveu Tyler Robinson no grupo de conversa da plataforma Discord, de acordo com capturas de ecrã das mensagens obtidas pelo The New York Times. Outro membro do grupo respondeu, aparentemente em tom de brincadeira: “O Tyler matou o Charlie!!!!”

Um quarto interveniente, que também assinalou as parecenças de Robinson com as imagens do suspeito, sugeriu ironicamente que o grupo devia entregá-lo às autoridades para receber a recompensa de 100 mil dólares ( euros) que o FBI oferecia a qualquer informação que levasse à sua captura. “Só se eu ficar com uma parte“, respondeu Tyler Robinson.

Foi feita também a sugestão de que, na sequência da morte do seu aliado Charlie Kirk, Donald Trump poderia destacar agentes da guarda nacional para o Utah, onde aconteceu o assassinato. “Num Estado vermelho [cor do partido Republicano]??? Não, claramente o atirador era da Califórnia”, escreveu então Robinson.

Entre outras mensagens do grupo, o suspeito também lançou suspeitas sobre a informação avançada por vários meios de comunicação social de que as munições encontradas perto da presumível arma do crime incluíam gravuras com referências a “ideologia transgénero”. Seria posteriormente revelado que as inscrições tinham mensagens antifascistas (por exemplo, “hei fascista! APANHA!).

Numa das suas últimas mensagens no grupo do Discord, antes de ser apanhado pelas autoridades, Robinson fez mais uma piada sobre a situação: “Na verdade, sou o Charlie Kirk. Queria sair da política, por isso, fingi a minha morte. Agora posso viver a vida dos meus sonhos, no Kansas.”

O governador do Utah também abordou as mensagens do grupo de Discord, divulgadas pelo The New Tork Times este domingo: “Tudo o que podemos confirmar é que essas conversas realmente aconteceram, e eles não acreditavam que fosse realmente ele.”