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O antigo campeão de xadrez considera que o recente ataque deliberado de drones russos contra a Polónia foi um teste à determinação da NATO, e que a resposta europeia, limitada à invocação do artigo 4.º, revelou impotência política e falta de vontade, apesar de existirem meios económicos e industriais para agir com firmeza. Para Kasparov, Vladimir Putin nunca escondeu que a guerra na Ucrânia é apenas parte de um confronto maior com o Ocidente liberal: sem capacidade de oferecer prosperidade interna após 25 anos no poder, precisa de guerras externas para justificar a sua permanência, procurando restaurar a esfera de influência imperial russa e reverter as conquistas da NATO desde 1997.

Kasparov estendeu as suas críticas a Donald Trump, a quem acusa de guiar todas as decisões por dois critérios — monetização pessoal e glorificação própria. Em vez de sancionar a Rússia, Trump tem levantado barreiras e aproximado-se de Putin, a quem vê como modelo. O republicano, defende Kasparov, procura construir um sistema de partido único, corroendo instituições, justiça e separação de poderes. O assassinato de Charlie Kirk, acrescenta, está a ser instrumentalizado como pretexto para medidas autoritárias, num processo que compara a momentos históricos em que regimes usaram tragédias para consolidar poder.

Para o dissidente russo, o Ocidente tem culpas no caminho que levou até aqui. Após o fim da Guerra Fria, optou-se por acreditar que “fazer negócios com a Rússia” levaria à liberalização, quando na realidade a corrupção russa infiltrou o sistema ocidental. Putin avançou de forma incremental — Chechénia, Geórgia, Crimeia, Donbass — sempre testando limites e aproveitando a falta de resposta. Agora, alerta Kasparov, os Estados Unidos enfrentam a sua própria “putinização”: erosão das normas democráticas, discurso de guerra interna e divisão política extrema.

Kasparov afirma temer que as eleições de 2026 sejam formalmente livres, mas não justas, e duvida que o Supremo Tribunal funcione como última linha de defesa da Constituição. O verdadeiro contrapeso deveria estar no Congresso, mas acusa os democratas de serem demasiado tímidos. Defende que assumam riscos — até um eventual fecho do governo federal — porque “não se vence o autoritarismo jogando pelo seguro”. No seu entender, o mundo está perante uma ameaça dupla: a agressão externa de Putin e a corrosão interna de Trump, que, juntas, colocam em causa não apenas a Ucrânia ou a Europa, mas a própria sobrevivência da democracia americana.

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