A lista encabeçada pelo deputado português José Pereira Coutinho foi a mais votada nas eleições por sufrágio directo para a Assembleia Legislativa de Macau, que decorreram este domingo, segundo os resultados oficiais.
De acordo com o portal da Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa (CAEAL), a lista “Nova Esperança” recebeu quase 43.400 votos (26,7% do total) e conseguiu três dos 12 lugares que estavam em disputa.
Por outro lado, apesar da taxa de participação ter disparado face à última eleição, em 2021, o número de votos nulos ou em branco mais que duplicou, ultrapassando 13 mil, depois da desqualificação de duas listas por falta de patriotismo.
Quase 53,4% dos 328.500 eleitores participaram este domingo nas eleições, mais 11 pontos percentuais do que há cinco anos. A participação ficou, ainda assim, aquém do máximo histórico de 59,9%, fixado em 2009, eleições em que concorreram três listas pró-democracia.
Por outro lado, o total de votantes foi o mais alto de sempre, uma vez que também o número de eleitores registou um novo máximo.
Há cinco anos, Macau registou a maior abstenção desde que foi criada a região administrativa especial chinesa (57,6%) e mais de 5200 pessoas votaram em branco ou nulo, após a CAEAL ter excluído cinco listas e 21 candidatos, 15 dos quais pró-democracia.
Este ano, concorreram seis listas pelo sufrágio directo, menos oito do que em 2021 e o número mais baixo desde 1988, altura em que o Parlamento de Macau integrava apenas cinco deputados escolhidos por votação directa.
A Comissão da Defesa da Segurança do Estado, cujo presidente é, por inerência, Sam Hou Fai, chefe do Governo, excluiu em Julho todos os 12 candidatos de duas listas, considerando-os “não defensores da Lei Básica ou não fiéis à RAEM [Região Administrativa Especial de Macau]”.
A desqualificação atingiu a lista “Força da Livelihood Popular em Macau”, liderada pelo assistente social Alberto Wong, que concorria pela primeira vez à Assembleia Legislativa.
A outra lista excluída foi a “Poder da Sinergia”, liderada pelo até agora deputado Ron Lam U Tou e uma das poucas vozes críticas do executivo na Assembleia, que nas últimas eleições, em 2021, tinha sido a sétima mais votada, com 8764 votos.
Os residentes da região semiautónoma chinesa, antiga colónia portuguesa, visitada recentemente pelo primeiro-ministro, Luís Montenegro, foram às urnas para eleger, por sufrágio directo, 12 dos 33 deputados.
Os outros são escolhidos por sufrágio indirecto, através de associações, em cinco sectores: industrial, comercial e financeiro; trabalhadores; profissionais liberais; serviços sociais e educacional; e cultural e desportivo. No sufrágio indirecto, votaram 88,1% dos mais de 7500 representantes de associações, embora apenas um dos sectores tenha tido mais de uma lista de candidatos.
Sete deputados serão mais tarde nomeados pelo líder do Governo macaense, Sam Hou-fai.