Divulgação / A24
Tem filme que foi feito para entreter e filme que é cinema de verdade. O cinema instiga debates, deixa marcas na memória de quem vê. Hoje em dia, a maioria do que se produz é esquecível. Revisitar obras que carregam além da força estética, diálogos com questões humanas profundas faz toda a diferença. Reunimos aqui quatro títulos disponíveis na Netflix que oferecem mais do que passatempo. São experiências que misturam intensidade dramática, crítica afiada e uma linguagem cinematográfica de alto nível.
Cada filme traz uma perspectiva distinta, mas igualmente poderosa, sobre mundos que se entrelaçam entre o real e o simbólico. Assistir essas produções é se confrontar com dilemas éticos, fragilidades humanas e contradições de sociedades que parecem repetir erros sem aprender com eles. Esses filmes reforçam a importância de uma filmografia que se mantém viva pelo impacto que provoca, não pela bilheteria ou pela fama nas redes sociais. Conhecer ou revisitá-los é proporcionar acesso a narrativas que unem humanidade e densidade, confirmando que o verdadeiro cinema continua sendo uma ferramenta de análise do mundo.
Guerra Civil (2024), Alex Garland
Divulgação / A24
Em um futuro próximo, os Estados Unidos estão mergulhados em uma guerra interna que fragmenta o país em facções inimigas. No meio do caos, um grupo de jornalistas atravessa territórios devastados para registrar os horrores do conflito e tentar chegar à capital antes de sua queda iminente. A cada cidade destruída e encontro com soldados e civis, eles enfrentam dilemas éticos sobre até onde vale a pena documentar a violência e quando é preciso intervir. A jornada revela não apenas a brutalidade da guerra, mas também a fragilidade da democracia e os limites da neutralidade diante da barbárie.
Destacamento Blood (2020), Spike Lee
David Lee / Netflix
Um grupo de veteranos retorna ao Vietnã décadas após o fim da guerra, motivados pela promessa de recuperar o corpo de um antigo companheiro e um tesouro escondido. Durante a expedição, as lembranças do passado voltam à tona, trazendo à superfície traumas não resolvidos, tensões raciais e feridas deixadas pelo conflito. À medida que avançam pela selva, os homens enfrentam não apenas a hostilidade do ambiente e os perigos da missão, mas também os fantasmas da guerra que nunca terminou dentro deles. O que começa como uma busca material transforma-se em uma reflexão amarga sobre memória, perda e identidade.
Cães de Guerra (2016), Todd Phillips
Divulgação / Warner Bros.
Dois jovens amigos de infância decidem entrar em um mercado lucrativo: o comércio de armas. Sem experiência real, mas com a ambição de conquistar riqueza rápida, eles passam a intermediar contratos militares milionários, navegando entre brechas da lei e contatos obscuros. No início, o entusiasmo e a sensação de poder parecem recompensar os riscos, mas, à medida que os negócios crescem, também aumentam as consequências. Mentiras acumuladas, traições inevitáveis e a pressão do governo transformam o sonho de sucesso em uma armadilha perigosa, mostrando que a busca por status pode custar muito mais do que dinheiro.
Sr. Sherlock Holmes (2015), Bill Condon
Divulgação / Alamode Film
Já aposentado, um famoso detetive vive isolado em sua casa no interior, enfrentando os efeitos da velhice e a perda gradual da memória. Sem a vitalidade de outrora, ele se dedica ao cuidado de suas abelhas e à convivência com o filho de sua governanta. No entanto, uma lembrança persistente de um caso não resolvido começa a atormentá-lo. Obcecado pela necessidade de compreender os erros do passado, ele tenta reconstruir os fatos enquanto luta contra a deterioração da mente. A busca pela verdade se mistura à reflexão sobre arrependimento, legado e o inevitável fim de uma vida brilhante.
Fer Kalaoun
Fer Kalaoun é editora na Revista Bula e repórter especializada em jornalismo cultural, audiovisual e político desde 2014. Estudante de História no Instituto Federal de Goiás (IFG), traz uma perspectiva crítica e contextualizada aos seus textos. Já passou por grandes veículos de comunicação de Goiás, incluindo Rádio CBN, Jornal O Popular, Jornal Opção e Rádio Sagres, onde apresentou o quadro Cinemateca Sagres.