China prepara-se para consolidar e expandir o setor automóvel com medidas que prometem aumentar vendas, inovação e presença internacional.
Não é segredo que a indústria automóvel chinesa tem enfrentado desafios significativos. Contudo, Pequim está determinada a estabilizar o setor e a impulsionar o seu crescimento nos próximos anos.
Num contexto onde a concorrência internacional aperta cada vez mais — a juntar à feroz guerra de preços interna —, oito agências governamentais anunciaram um plano de dois anos que promete reorganizar e reforçar o mercado automóvel. Mas não vai ser fácil.
De acordo com o noticiado pela agência de notícias estatal Xinhua, a China pretende vender 32,3 milhões de veículos este ano, um aumento de apenas 3% face ao ano anterior. Apesar de representar um crescimento, este é inferior ao registado entre 2023 e 2024: 4,5%, segundo a Associação Chinesa de Fabricantes de Automóveis.

Para os veículos a novas energias (NEV), que incluem elétricos e híbridos plug-in, a meta é mais ousada: vender 15,5 milhões de unidades este ano, representando um crescimento anual de cerca de 20%.
Quatro áreas-chave e mais de 60 medidas
O plano apresenta mais de 60 medidas, estruturadas em quatro eixos estratégicos: incentivos à procura, fortalecimento das cadeias de fornecimento, melhoria do ambiente de negócio e aprofundamento da abertura e cooperação internacional.
No lado da procura, destaque para a introdução de 700 mil NEV em setores como transportes públicos, táxis e logística, distribuídos por 25 cidades-piloto. No lado da oferta, o foco é a inovação tecnológica: atualização de normas para melhorar a qualidade dos produtos, desenvolvimento de chips automóveis, sistemas operacionais, inteligência artificial e baterias de estado sólido.
Além disso, o plano pretende otimizar a indústria e a cooperação global através de controlo de custos, monitorização de preços, consistência de produtos, pagamentos pontuais e expansão internacional organizada.
Desafios internacionais
O setor enfrenta ainda obstáculos externos. A União Europeia iniciou em 2023 uma investigação sobre possíveis práticas de concorrência desleal, da onde resultaram tarifas de 35,3% (sobre os 10% já existentes) a todos os elétricos importados da China para o bloco.
Por sua vez, o México anunciou recentemente um aumento das tarifas sobre veículos chineses de 15–20% para 50%. A guerra de preços, por sua vez, levou à falência de várias startups, pressionadas pelos fabricantes de maiores dimensões, que inundam o mercado com carros com preços mais acessíveis e programas de troca atrativos.
Em resposta, as autoridades chinesas apelaram à “autorregulação” e à promoção de um desenvolvimento mais saudável da indústria, combinando crescimento interno com expansão estratégica no exterior.
Olhando para o futuro
Até 2026, o plano deverá consolidar o setor, equilibrando crescimento e estabilidade, promovendo veículos elétricos e híbridos e reforçando a posição da China como um dos protagonistas globais da mobilidade elétrica e da inovação automóvel.
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