Alexandra Leitão surgiu pronta a atacar Carlos Moedas e o trabalho na Câmara de Lisboa nos últimos anos em praticamente tudo. A exceção foi mesmo o acidente do elevador da Glória, onde continua a pedir “serenidade”, mesmo quando assume a necessidade de esclarecimentos e apurar responsabilidades. A seu tempo. Ainda lançou uma farpa ao atual presidente da Câmara Municipal de Lisboa com um “quando finalmente houve reunião”, mas fez questão de manter a postura de responsabilidade, continuando a recusar pedir a demissão do autarca — e ignorando as acusações de cinismo feitas por Moedas na entrevista em que também chamou “sicário” a Pedro Nuno Santos.
De resto, a cabeça de lista da coligação Viver Lisboa, que integra PS, Livre, Bloco de Esquerda e PAN, não poupou Moedas no que aos valores da manutenção dos elevadores da Carris diz respeito — com Moedas a jurar novamente que houve um aumento do investimento durante o seu mandato. “No que toca à despesa com a manutenção, não houve um aumento”, sublinhou a socialista, escudando-se em notícias que dão conta disso mesmo e pegando nesse ponto para usar como a única arma de arremesso sobre o assunto.
Nos restantes temas discutidos, Alexandra Leitão procurou todas as razões e mais algumas para menorizar os últimos quatro anos. Na habitação, não só assegurou que há “capacidade para fazer 4500 fogos em muitos dos programas de renda acessível”, como realçou que os mesmos “não saíram do papel” no mandato de Moedas. E disse mais: é preciso tomar conta dos devolutos e deve permitir-se uma “majoração em todos os empreendimentos privados que aceitem pôr 25% da construção em arrendamento acessível”. Por outro lado, criticou duramente a propaganda de Carlos Moedas, fazendo uma distinção entre “atribuição de chaves com casas novas do tempo anterior” e garantiu que a habitação nova levada a cabo em quatro anos “é bem pequena”. Aproveitou o embalo para acusar o presidente de Lisboa de querer “acabar a suspensão de licenças de alojamento local” — o que permitiu a Moedas defender-se e assegurar que não.
Quando a imigração veio a debate, Leitão aproveitou para esclarecer que é preciso garantir “segurança e integração” e que, esses sim, são problemas que podem ser resolvidos por uma autarquia. Já sobre a insegurança, a candidata socialista desconstruiu: atira à falta de iluminação pública e aos espaços públicos abandonados (“Quando os espaços estão abandonados as pessoas não andam lá, não andam lá e há mais insegurança”), culpa Moedas por ter deixado a Polícia Municipal em “mínimos de agentes” e por ainda não ter montado muitas das câmaras de vigilância aprovadas. Ao cair do pano, o tema que mais perseguia Moedas até ao acidente — o lixo —, com Leitão a notar que “Lisboa nunca teve tanto lixo e nunca cheirou tão mal”.
De realçar também que, ao ouvir João Ferreira, Alexandra Leitão foi sendo amigável, completando raciocínios e dando razão ao experiente vereador do PCP, partido que não quis integrar a coligação que encabeça. Mas no final, já na flash, lembrou-se da nega e afastou-se: “Quem quiser que não seja Carlos Moedas a continuar a ser presidente, terá de votar na coligação Viver Lisboa.”