“Não desejei estas eleições Presidenciais, não desejei ser candidato nestas eleições presidenciais, entendo – como entendi no passado – que o líder da oposição não tem como vocação primeira ser candidato à Presidência da República. Disse-o e assumo-o aqui esta tarde”, afirmou André Ventura antes de anunciar a decisão de se juntar à corrida para Belém.
“Serei candidato às eleições presidenciais de 2026”, anunciou, numa declaração à imprensa, na sede do partido em Lisboa.
Apesar de repetir que não pretendia, enquando líder do partido e da oposição do Governo ser candidato a Belém, considerou que “o Chega tinha de ter voz” nestas Presidenciais.

No dia 18 de janeiro de 2026, o país disputará eleições presidenciais e o Chega, que se tornou “no segundo maior partido do país”, nas últimas Legislativas, não podia “deixar em silêncio uma candidatura” como a que representará para a corrida à Presidência de Belém.
“O Chega não pode, não tem o direito, nem deve olhar para o lado, ignorar os seus militantes, os seus apoiantes e não lhes dar voz nestas eleições. Como sempre disse, o Chega tem de ter voz nestas presidenciais, fosse o seu líder o candidato ou qualquer outro nome numa candidatura”, argumentou Ventura.
“Toda a minha vida política foi feita e continua a ser feita, dentro daquilo que Sá Carneiro dizia: ‘a política sem risco é uma chatice’”.
“Não desejei estas eleições Presidenciais, não desejei ser candidato nestas eleições presidenciais, entendo – como entendi no passado – que o líder da oposição não tem como vocação primeira ser candidato à Presidência da República. Disse-o e assumo-o aqui esta tarde”, continuou.
Nos últimos meses, o líder partidário tentou “garantir que o Chega tinha um candidato à altura das suas aspirações, não um candidato qualquer que deixasse pelo caminho o partido, mas alguém que nos levasse à segunda volta das Presidenciais 2026”.
“Falhei nessa tarefa de encontrar essa alternativa”, admitiu e acrescento que, embora não seja “segredo”, “tinha preferido que Pedro Passos Coelho fosse candidato a presidente da Repúbica”.
O que “não foi possível”. E nesse caso, “um líder de um partido tem de agir com o que tem e não com o que gostaria que tivessem”.
“A política muitas vezes é a arte do possível e a arte do garantir que aquele partido que lideramos (…) está representado e os seus eleitores estão representados”.
Ainda antes de oficializar a candidatura, André Ventura disse não ter olhado “para o risco pessoal”, mas “sempre para aquilo que queríamos alcançar enquanto movimento”.
“O país está primeiro e as lutas pelo país valem mais”, apesar de acreditar que “o sistema sempre quis uma candidatura fraca do Chega nesta eleições, (…) para poder dizer que nos vencia, que nos humilhava e que foi um epifenómeno o que aconteceu em maio ou no ano passado nas Legislativas”.
“O sistema queria candidatos fracos para podermos apoiar”.
Mas o líder do partido assegurou que nunca permitirá, “deliberadamente, que o Chega tenha candidaturas para perder ou fracas, independentemente, da eleição”.
“Estas eleições Presidenciais não foram uma escolha minha, não são o meu desejo nem seriam o meu desejo”, repetiu. “Mas são, neste momento, (…) a melhor forma de liderar a oposição em Portugal e garantir que essa oposição será liderada por quem verdadeiramente quer transformar o país e quem tudo arriscará para vencer o sistema e transformar o país”.
“Estas eleições representam riscos para o Chega. Mesmo assim, quisemos arriscar e dizer às pessoas que estávamos presentes”.
Numa declaração na sede do Chega, sem direito a perguntas, André Ventura apresentou-se como um candidato “em nome do Chega, antissistema e que representa um corte com o domínio dos partidos” e considerou que o antigo almirante Henrique Gouveia e Melo, seu adversário, é um “representante do espaço socialista”.
“Na verdade, não há nenhuma duplicidade nem nenhuma luta entre candidatos antissistema. Há um candidato antissistema e há um candidato que acontece de ser militar e que vai representar o espaço do socialismo e do centro político em Portugal”, defendeu, referindo-se a Gouveia e Melo, que deixou a vida militar para se candidatar a Belém.
O objetivo da candidatura de André Ventura é “acabar de vez com o bipartidarismo e enterrá-lo, como fizemos no dia 18 de maio, será a garantia que tomámos a opção certa para estas eleições presidenciais”.
“Se formos à segunda volta, e mesmo que vençamos estas eleições presidenciais, significou o levantar de um movimento político que nunca se viu no nosso país, capaz de derrotar em poucos meses PS e PSD e capaz de remetê-los à insignificância das suas candidaturas”, sustentou.