“O facto de eu não ter competências para determinar juridicamente a situação de genocídio não significa que eu não considere que o que está a acontecer em Gaza (…) é horrendo”, declarou o secretário-geral numa conferência de imprensa em Nova Iorque.


Guterres acrescentou que “independentemente dos nomes que são dados, a verdade é que isto é algo moral, política e legalmente intolerável”.


“Ficarei encantado por receber o primeiro-ministro [Benjamin] Netanyahu se ele assim o pedir, tal como farei com qualquer outro membro e chefe de Estado”, assegurou.


Questionado pela agência Lusa sobre se espera que Portugal se junte à lista de países que na próxima semana vão reconhecer o Estado da Palestina, António Guterres respondeu: “não vou dar conselhos ao meu próprio país”.


Sobre a guerra na Ucrânia, o português disse não estar “otimista quanto a um progresso a curto prazo” porque vê “as posições de ambos os lados de forma muito diferente”. 


A Rússia exige a desmilitarização e a rendição da Ucrânia, bem como a cessão das regiões ucranianas cuja anexação reivindicou, embora sem as controlar totalmente.


A Ucrânia considera estas condições inaceitáveis e exige garantias de segurança dos aliados ocidentais, por recear um novo ataque da Rússia, mesmo que fosse alcançado um acordo de paz.

Guterres “pressionará líderes”
O secretário-geral da ONU avançou ainda que terá mais de 150 reuniões bilaterais durante a Assembleia-geral das Nações Unidas, nas quais vai “pressionar os líderes” a ultrapassar divisões e a “reduzir os riscos”.


“Os líderes estão a caminho de Nova Iorque para o 80.º aniversário da ONU e a Semana do Alto Nível da Assembleia-geral. Alguns chamam-lhe o Campeonato do Mundo da diplomacia. Mas não se trata de marcar pontos. Trata-se de resolver problemas. Há muito em jogo”, afirmou Guterres.

“Estamos a reunir-nos em águas turbulentas — até mesmo desconhecidas. Divisões geopolíticas a alargar-se. Conflitos a intensificarem-se. Impunidade a aumentar. O nosso planeta a sobreaquecer. Novas tecnologias a avançar sem barreiras. Desigualdades a aumentar a cada hora. E a cooperação internacional está sob pressão, sob pressões nunca vistas nas nossas vidas”, salientou.

Para o antigo primeiro-ministro português, a presença de dezenas de líderes neste evento anual da ONU é uma oportunidade de diálogo e mediação que o mundo não pode perder.


c/ Lusa