Como é ser criança no Brasil?

É difícil responder a essa pergunta sem dizer: depende. A meninice na beira dos rios da Amazônia pode ser muito diferente das infâncias no sertão, no pampa, no asfalto das grandes cidades —e a literatura infantojuvenil produzida no país vem buscando cada vez mais retratar essa diversidade.

Veja abaixo seis livros que mostram algumas das muitas infâncias brasileiras. Afinal, contextos e experiências até podem ser diferentes, mas criança é criança em qualquer lugar.

Adinkras

Você já viu algum adinkra por aí? Aposto que sim. Esses símbolos do povo akan, de Gana, foram trazidos ao Brasil por causa da escravidão e até hoje podem ser vistos em portões e janelas. São aqueles desenhos retorcidos que formam padrões e embelezam as grades de ferro, sabe? Neste livro, dois meninos caminham pelo Rio de Janeiro rodeados de adinkras.

Para Crescer e Ser Feliz

O que é preciso para crescer e ser feliz? Essa pergunta foi feita por Ananda Luz e Isabel Malzoni para crianças e adolescentes do Complexo da Maré, também no Rio de Janeiro. As respostas foram reunidas, transformadas num manifesto e ilustradas depois por diferentes artistas. Entre eles estão Odilon Moraes, Carol Fernandes, Rodrigo Andrade e Marilda Castanha.

Tulipa

Neste lançamento, a infância pulsa pelas páginas cobertas de brincadeiras, quintais e brinquedos, mas também temas profundos, como neurodivergência e as mudanças que surgem com o amadurecimento. Destaque para a surpreendente Tulipa, narradora que pega o leitor pelo contrapé ao contar a história.

Labareda

Dá vontade de se embrenhar pelos canaviais e se jogar no Carnaval de Pernambuco ao ler este livro. Aqui, Gabriela Romeu e Bruna Lubambo recriam a tradição do maracatu rural, com seus caboclos, reis, rainhas, guerreiros e encantados. A diferença é que a dupla faz isso não só a partir dos olhos de uma criança, mas também de uma perspectiva feminina.

Benzeções

“O choro de uma criança feriu o silêncio da mata”, diz o começo desta narrativa, como se fosse uma reza. A partir daí, rios, plantas e mistérios conduzem não só a infância pelas águas da Amazônia, mas a relação entre a narradora e dona Coração, mistura de parteira e xamã que domina os segredos e as ervas da floresta que vai receber a COP30 em breve.

A Onça e o Fogo

Nesta nova edição da história de Cristino Wapichana, um grupo de crianças se senta ao redor da fogueira numa aldeia indígena para ouvir lendas contadas pelos avós. Numa delas, ficamos sabendo por que as onças são pintadas. Não vou dar spoiler, mas esses animais ficaram assim por causa de uma confusão envolvendo uma festa, um tamanduá e o fogo.