O presidente do Fenerbahçe, Ali Koç, falou sobre a passagem de José Mourinho pelo clube turco e explicou como foi tomada a decisão de avançar para a contratação do treinador português. Em entrevista à estação de televisão turca, TRT Sports, Koç sublinhou que o processo começou muito antes das eleições no clube e que Mourinho foi, desde cedo, considerado uma opção prioritária.

«Muito antes das eleições, o Mário [Branco] disse-me que já tinha falado com o treinador. Perguntei-lhe porquê e ele respondeu: ‘O senhor Mourinho nunca ficou desempregado mais de seis meses. Certamente aquele verão ia aceitar algum projeto. Por isso fui sondá-lo.’ Respondi-lhe que tinha feito bem», contou.

O dirigente admite que só mais tarde, já em plena campanha eleitoral, o tema ganhou outra dimensão. Ainda assim, garante que não havia como ficar indiferente ao contacto com o treinador português.

«Mais tarde, quando o tema explodiu durante as eleições, houve algumas reuniões. Se se sentar numa sala com o Mourinho, é impossível não ficar impressionado. Impossível. Tem uma aura especial. É um obcecado pelo trabalho. Trabalha sem parar. Alguém assim, tão obcecado, vai de propósito procurar o fracasso? Claro que não», atirou.

Ali Koç lamentou, no entanto que os resultados do português no clube de Istambul não tenham sido os melhores, mas garantiu o profissionalismo de Mourinho durante o período que esteve no cargo.

«Gostava que tivesse tido sucesso. Ele também precisava disso. É verdade que ganhou troféus europeus, mas há dez anos que não é campeão no campeonato. O que posso dizer é que não funcionou, não resultou. Mas, em termos de profissionalismo, dedicação e foco no Fenerbahçe, não tenho nada a apontar. Agradeço-lhe por isso também».

Ainda assim, Koç não esconde que a forma como Mourinho deixou Istambul deixou marcas. O presidente considera que a saída foi fria, deixando uma sensação de vazio no clube e nos adeptos.

«Talvez não saibam todos os detalhes, mas claro que a saída foi triste. Até aqueles que diziam ‘nem um minuto a mais no Fenerbahçe’ se entristeceram ao comparar as fotos da chegada com as da partida. Se tens coração, se tens consciência, ficas tocado. Mesmo que acreditasses que era a decisão certa. Deixou-me essa impressão», acrescentou.

O dirigente revelou ainda que, de acordo com a estrutura do clube, Mourinho deveria ter-se despedido formalmente também dele, o que acabou por não acontecer.

«Na nossa estrutura, ele deveria falar primeiro com o diretor desportivo e depois comigo. Falou com o diretor desportivo e decidiu que não precisava de falar comigo. Disse apenas: ‘Encontramo-nos em Londres um dia.’ Como disse, era quase parte da família», concluiu.