Para maior compreensão, Borrego faz uma síntese para os leitores. “Nas duas primeiras partes, analiso o contexto socioeconômico da cidade de São Paulo no século XVIII e inícios do XIX e os ambientes domésticos urbanos conformados pela atuação dos comerciantes, em seguida, acompanho seus negócios até as minas de Cuiabá e Mato Grosso, por meio das monções”, pontua. “Nas duas últimas, procuro compreender como as atividades dos agentes mercantis nesse contexto foram obscurecidas, durante boa parte do século XX, em razão da valorização do bandeirante como antepassado comum dos paulistas em vários suportes de memória: monumentos, exposições e livros.” 

A trajetória no Museu Paulista como pesquisadora, docente e curadora, estimulou, segundo reconhece Borrego, a sua visão sobre o ofício do historiador e foi responsável pela adoção da cultura material, da cultura visual e da cultura escrita como plataformas das ações humanas do passado e do presente. “Esta tripla perspectiva acabou por articular tanto o estudo sobre as práticas sociais vivenciadas pelas populações em diferentes conjunturas históricas, como a análise sobre a produção de memórias acerca do passado paulista distante do mundo mercantil e de seus agentes.”