Perante o coletivo de juízes, António Moreira reconheceu, na terça-feira, que disparou três tiros, a curta distância, contra Lurdes Sousa, de 52 anos, com quem estava casado há quase três décadas e com quem tem dois filhos, um dos quais menor de idade. Os tiros atingiram o tronco e o rosto da vítima, mas não a mataram.

Em tribunal, o homem acrescentou que, depois dos tiros, obrigou a vítima a ingerir um produto tóxico, do qual ele próprio também bebeu, para se tentar suicidar, mas sem sucesso.

O casal foi assistido no local pelos Bombeiros de Paço de Sousa e pela equipa da viatura médica de emergência e reanimação, tendo sido transportado para o Hospital Padre Américo, em Penafiel. No mesmo dia, Lurdes Sousa foi transferida para o Hospital de São João, no Porto, para ser submetida a uma intervenção cirúrgica.

António Moreira encontra-se em prisão preventiva. Depois do crime, livrou-se da arma, que, apesar dos esforços das equipas cinotécnicas, compostas por cães treinados, não chegou a ser encontrada.

Relação pautada por violência doméstica

O arguido trabalhava no Panamá e, cerca de dois meses antes do crime, regressou a Irivo, para se juntar a Lurdes Sousa. A relação entre o casal sempre foi conflituosa, devido aos ciúmes de António Moreira. A mulher nunca tinha feito queixa, mas, na semana anterior ao crime, tinha ido ao posto da GNR apresentar queixa, depois de ter sido agredida à bofetada pelo marido.

A confissão integral e sem reservas do crime dispensa o tribunal de prosseguir com as diligências de produção de prova, pelo que o julgamento avançará já, na próxima sessão, para as alegações finais das partes, a que se seguirá a sentença.