Elio e Glordon, personagens principais de “Elio” (2025), filme de Domee Shi, Madeline Sharafian e Adrian Molina.Pixar / Divulgação
O Disney+ adicionou nesta quarta-feira (17) a seu menu o maior fracasso comercial da Pixar: Elio (2025), dirigido por Domee Shi (a mesma de Red: Crescer É uma Fera), Madeline Sharafian e Adrian Molina (codiretor de Viva: A Vida É uma Festa).
O 29º longa-metragem do estúdio de animação digital pertencente à Disney arrecadou somente US$ 154 milhões nas bilheterias. É mais do que faturaram Red: Crescer É uma Fera em 2022 (US$ 21,8 milhões), Luca em 2021 (US$ 51,1 milhões), Soul em 2020 (US$ 121,9 milhões) e Dois Irmãos também em 2020 (US$ 141,9 milhões).
Mas todos esses quatro títulos tiveram seu desempenho financeiro bastante prejudicado pela pandemia de covid-19 declarada em 11 de março de 2020 pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Ou os filmes foram lançados diretamente no streaming, com algumas exibições especiais nos cinemas, ou enfrentaram o fechamento abrupto das salas, as restrições por motivos sanitários e o medo dos espectadores de serem contaminados pelo vírus.
Elio está longe de ser uma obra-prima, mas tampouco merecia esse posto desastroso.
O personagem do título é um garoto que, como forma de lidar com o luto pela morte dos pais, vive com a cabeça nas estrelas. Isso dificulta seu relacionamento com a tia com quem passou a viver, a major Olga Solis, que trabalha em uma base militar dos EUA.
O menino gostaria de sumir do mapa. Chega a escrever na areia da praia: “Aliens, me abduzam”. Elio acaba conhecendo Glordon, um alienígena que está prestes a seguir os passos do pai como guerreiro de seu planeta, e é confundido como o líder da Terra por uma organização intergaláctica.
“Aliens, me abduzam!”, pede o menino protagonista de “Elio”.Pixar / Divulgação
A trama permite à Pixar se exercitar em áreas que domina, como a construção de mundos fantásticos e a mistura de aventura, comédia e drama que convida personagens e espectadores a embarcarem em montanhas-russas para reatar laços afetivos e construir pontes entre o passado, o presente e o futuro. Essa “fórmula” ajudou o estúdio a alcançar bilheterias bilionárias (casos de Toy Story 3, Procurando Dory, Os Incríveis 2, Toy Story 4 e Divertida Mente 2) e a conquistar 11 vezes o Oscar da categoria (mas já faz um tempinho da última vitória, com Soul, em 2021).
Outra vez, os cenários coloridos servem como pano de fundo para tratar de temas cinzentos, variando entre os emocionais e os políticos: como lidar com a morte dos pais? Por que o mundo é tão intolerante e belicista, tão propenso à violência? Como fugir de um destino já traçado, como contrariar as expectativas da família e da sociedade? Por que é tão difícil o manejo entre nossa personalidade e o que esperam que sejamos, aí incluída a questão das expectativas de masculinidade?
Como de costume nas obras do estúdio, há pelo menos uma cena capaz de arrancar um choro com soluço. Mas Elio nunca a chega a decolar de verdade. Parece um filme pouco ambicioso, sem a tapeçaria complexa e vistosa que caracteriza produções anteriores. Acho que a única coisa mais memorável é a sequência em que toca Once in a Lifetime (1980), uma empolgante canção da banda Talking Heads que eu jamais imaginei que fosse ouvir em uma animação da Pixar.
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