A cantora Fernanda Medrado usou suas redes sociais para relatar complicações graves após realizar uma ninfoplastia sem cortes, procedimento estético íntimo que vem ganhando popularidade entre mulheres em busca de mudanças na região genital. Em depoimento publicado nos stories do Instagram, a artista classificou a experiência como a pior cirurgia pela qual já passou e fez um alerta sobre os riscos associados à técnica.

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“Hoje eu tenho 16 dias de recuperação da ninfoplastia sem cortes. São 16 dias de terror, da pior cirurgia da minha vida, que eu não indico”, desabafou. Medrado ainda afirmou que, segundo avaliação médica, o quadro é grave. “Dos cinco cirurgiões plásticos que conversei até o momento, todos falaram que eu estou com queimadura de terceiro grau”, completou.

A declaração reacendeu o debate sobre a segurança de procedimentos considerados minimamente invasivos, mas que, na prática, podem trazer sérias consequências à saúde íntima da mulher. De acordo com o ginecologista Igor Padovesi, referência científica em cirurgia íntima no Brasil e único profissional da área com dois prêmios internacionais, a ninfoplastia sem cortes pode causar danos significativos.

— A técnica utiliza dispositivos como jato de plasma para provocar retração dos pequenos lábios, por meio de queimaduras vendidas como ‘mínima intervenção’. Mas, na realidade, resultam em dor intensa, recuperação difícil e frustração com os resultados — explica.

Segundo o médico, a popularização do procedimento levou à sua execução por profissionais não médicos, o que agrava ainda mais os riscos.

— O aumento da procura pela ninfoplastia fez com que profissionais não médicos, como esteticistas, biomédicos e fisioterapeutas, passassem a oferecer o procedimento sem cortes. O problema é que esses dispositivos provocam queimaduras extensas nos pequenos lábios. Já atendi pacientes que chegaram ao consultório com os tecidos literalmente em carne viva por mais de um mês — alerta.

Além da dor imediata, a recuperação tende a ser prolongada e desconfortável. — Durante o processo de regeneração da pele queimada, a paciente enfrenta dor intensa, dificuldade para realizar atividades cotidianas e um desconforto que pode se estender por semanas — afirma.

E os benefícios prometidos raramente se confirmam. — Esse tipo de técnica gera apenas uma retração discreta, muito aquém do que a mulher espera e do que é possível obter com a cirurgia tradicional. Por isso, não é raro receber no consultório mulheres que já passaram pela ninfoplastia sem cortes e, insatisfeitas, precisaram buscar depois a cirurgia convencional — acrescenta o especialista.

O principal atrativo da técnica sem cortes é o apelo de ser uma intervenção “mais simples” e com custo reduzido. No entanto, segundo Dr. Padovesi, muitas mulheres recorrem a ela por falta de informação adequada sobre a cirurgia tradicional.

— O procedimento convencional é realizado com anestesia local e consiste na retirada do excesso de pele por meio de cortes precisos, seguida de sutura delicada com pontos absorvíveis, sem prejuízo da sensibilidade ou da função sexual — destaca.

Graças aos avanços técnicos, a cirurgia hoje pode ser feita em consultório, sem necessidade de internação hospitalar. — A paciente pode inclusive ir embora dirigindo, e a cicatrização ocorre em poucos dias quando se usa a técnica correta — complementa o médico.

Dados apresentados pelo Dr. Padovesi durante o congresso da Sociedade Internacional de Uroginecologia (IUGA) reforçam o alto índice de satisfação com a ninfoplastia tradicional. Segundo o levantamento, 93,2% das mulheres afirmaram que teriam feito a cirurgia mais cedo, se soubessem como era o procedimento.

— Ao serem questionadas, 90,2% das mulheres disseram que todas as suas queixas e sintomas foram resolvidas com o procedimento, sendo que apenas 9,8% ficaram apenas parcialmente satisfeitas e nenhuma relatou insatisfação com o procedimento — observa.

Além das questões físicas, o médico lembra que o impacto emocional também é relevante. — O principal motivador é o efeito psicológico. Muitas mulheres carregam insegurança e baixa autoestima, e, em busca de alívio, acabam aceitando alternativas pouco seguras. É fundamental levar informação clara, alertar sobre os riscos das técnicas sem cortes e reforçar a importância de buscar um especialista qualificado para garantir segurança, bons resultados e uma verdadeira transformação na qualidade de vida — finaliza.