Mast Irham / EPA

Manteve sempre a humildade — mesmo depois de ser o primeiro atleta masculino campeão mundial português nos 1500 metros. Confundem-no várias vezes com um marroquino— inclusive o comentador da prova que venceu.

O algarvio Isaac Nader conseguiu um feito inédito: foi o segundo português (depois de Carla Sacramento, em 1997), primeiro homem, a conquistar uma medalha de ouro numa prova de 1500 metros.

Com a ajuda do seu já típico “bluff”, completou as três voltas e meia à pista do Estádio Nacional do Japão em 3.34,10 minutos, superando, contra as expectativas dos espetadores, o britânico Jake Wightman.

De acordo com o Expresso, a “tática da fisga” deu a vitória ao português nos últimos segundos— transparece exaustão, mas supera o adversário na reta final.

Aos 26 anos, o atleta do Benfica é o oitavo campeão do mundo português. E é bem português, ao contrário do que acreditam várias pessoas que chegaram a insultá-lo pelo seu nome.

“Ouro para Marrocos”

“O meu pai é marroquino”, disse numa entrevista à RFI em 2023. “Mas eu nasci em Portugal, a minha mãe é portuguesa, e eu não tenho qualquer tipo de ligação a Marrocos“, afirma, realçando que não tem nem quer ter dupla nacionalidade.

Na mesma entrevista, garantiu que recebe com frequência insultos devido ao seu nome. “É sempre chato ouvir esses comentários”, disse então, mas ”

No entanto, até o comentador que relatava a prova na TNT confundiu o atleta com um marroquino, o que pode não ter tido ajuda da cor do equipamento, semelhante à da bandeira do país africano. “Ouro para Marrocos“, acabou por gritar o jornalista.

Futebol ou atletismo? Nader fez a escolha certa

O atletismo não foi sempre a opção número 1 do campeão mundial português. Até 2017, esteve indeciso entre duas paixões.

“Ainda não levava o atletismo a sério. Já competia, num clube de Faro, ganhava umas provas, mas ainda não tinha feito a escolha entre o futebol e o atletismo“, disse, citado pel’A Bola.

“Joguei futebol no Farense, até aos juvenis, e esse convite para vir para o Benfica é que determinou a escolha de um caminho. Optei pelo atletismo e ainda bem que o fiz”, conta.

tudo por causa do pai e do tio, que, recorda, “jogaram futebol no Farense. O meu tio, o Hassan Nader, foi jogador do Benfica e, portanto, tinha esta ligação familiar ao futebol”.

Era um jovem humilde, e a sua sorte foi frequentar uma escola que prestava apoio a jovens atletas. Francisco Soares, diretor do Agrupamento de Escolas Pinheiro e Rosa, recorda à RTP que o jovem “ia ao Campeonato Nacional de Desporto Escolar e não tinha sapatilhas adequadas” para competir.

A escola conseguiu arranjar-lhe o equipamento, e o jovem, anos mais tarde, já um atleta de sucesso e a viver em Madrid para perseguir a sua carreira, ofereceu-se para comprar sapatilhas para outros jovens menos favorecidos da escola e que, como ele, tivessem o sonho de competir.


Carolina Bastos Pereira, ZAP //


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