Caracas divulgou imagens dos caças Sukhoi Su-30 de fabrico russo
A Venezuela deu início a três dias de exercícios militares e exibiu os seus caças de fabrico russo, numa demonstração de força dirigida aos Estados Unidos, em plena escalada de tensões devido ao envio de navios de guerra norte-americanos para as Caraíbas
Mais de 2.500 soldados foram mobilizados para a ilha caribenha de La Orchila, onde decorrem as manobras denominadas “Caribe Soberano 200”, que incluem operações aéreas, navais e terrestres.
De acordo com o ministro da Defesa venezuelano, Vladimir Padrino, participam nos exercícios 12 navios de diferentes classes, 22 aeronaves e cerca de 20 embarcações. As declarações foram transmitidas pela televisão estatal VTV, acompanhadas de imagens de desembarques anfíbios, navios em manobra e caças a sobrevoar a área.
Os seus comentários foram acompanhados de uma transmissão que mostrava embarcações anfíbias e tropas a desembarcar numa praia enquanto navios de guerra navegavam ao largo da ilha e caças sobrevoavam o mar.
Separadamente, a Venezuela também tem mostrado muitos dos seus caças russos equipados com mísseis antinavio.
Padrino descreveu os exercícios, que começaram na quarta-feira, como parte da resposta da Venezuela ao destacamento dos navios de guerra norte-americanos na região.
Washington insiste que esses navios – que incluem três contratorpedeiros da classe Arleigh Burke, o cruzador Lake Erie, o navio de assalto anfíbio USS Iwo Jima e um submarino nuclear – estão numa missão de combate ao tráfico de drogas, mas o presidente venezuelano Nicolás Maduro alegou que o destacamento visa uma mudança de regime.
Os EUA já tinham acusado anteriormente Maduro de envolvimento no tráfico de drogas e colocaram uma recompensa de 50 milhões de dólares pela sua captura.
Caracas também afirma ter mobilizado milhões de milicianos por todo o país, com Maduro a advertir no mês passado que “nenhum império tocará o solo sagrado da Venezuela.”
Os exercícios foram lançados um dia depois de o presidente dos EUA, Donald Trump, ter dito que os EUA tinham atingido um total de três embarcações no Caribe, alegando que transportavam drogas da Venezuela.
Os EUA disseram ter atingido a primeira embarcação – alegadamente ligada à gangue venezuelana Tren de Aragua – a 2 de setembro, matando 11 pessoas. Na segunda-feira, Trump anunciou um segundo ataque contra alegados “narcoterroristas”, que, segundo a administração, matou três pessoas.
Depois, na terça-feira, Trump disse aos jornalistas: “Derrubámos três barcos, na verdade, não dois. Mas vocês viram dois.”
Caças russos no arsenal da Venezuela
Os exercícios surgem depois de, na segunda-feira, a Venezuela ter divulgado imagens de caças Sukhoi Su-30 de fabrico russo equipados com mísseis antinavio.
A sua força aérea publicou um vídeo no Instagram onde mostra as aeronaves, primeiro no solo, onde os mísseis podem ser vistos pendurados nas asas, e depois em voo.
Pelo menos parte do vídeo já tinha sido partilhada nas redes sociais em 2024, confirmou a CNN. Não está claro quando foram gravadas as restantes imagens. A CNN contactou o Ministério da Defesa venezuelano para obter mais informações.
Segundo a publicação, os caças são Sukhoi Su-30 MK2 russos do 13.º Grupo Aéreo de Caça “Leões”, armados com mísseis antinavio Kh-31 “Krypton”, de fabrico russo.
De acordo com um relatório do Centro de Análise de Estratégias e Tecnologias, a Venezuela comprou um número desconhecido destes mísseis à Rússia, que chegaram ao país entre 2007 e 2008.
E segundo uma avaliação de 2024 em fontes abertas de várias forças militares pelo Instituto Internacional de Estudos Estratégicos, a Venezuela possui versões antinavio e antirradar dos mísseis Kh-31. Opera também um total de 21 caças Su-30MK2, embora não esteja claro quantos estão em serviço, dado os problemas económicos do país na última década, que afetaram o arsenal venezuelano.
Um relatório da ONG venezuelana Control Ciudadano sobre acidentes aéreos militares na Venezuela nas últimas duas décadas destaca tanto a “opacidade” do governo nos relatórios como possíveis “problemas de obsolescência do sistema, manutenção e falta de peças sobressalentes.”
A CNN contactou os Departamentos de Defesa e Estado dos EUA para obter comentários.
Na terça-feira, o enviado especial de Trump para missões especiais, Richard Grenell, disse acreditar que ainda é possível os Estados Unidos chegarem a um acordo com a Venezuela e evitar a guerra.