A Rússia voltou a lançar um ataque maciço sobre a Ucrânia durante a madrugada deste sábado, matando pelo menos três pessoas e deixando vários feridos.

A Força Aérea ucraniana disse ter abatido 552 drones, dois mísseis balísticos e 29 mísseis cruzeiro, o que constitui uma das vagas mais intensas das últimas semanas. Além da infra-estrutura energética os bombardeamentos visaram zonas residenciais no centro de algumas cidades.

“Durante toda a noite, a Ucrânia esteve sob um ataque maciço da Rússia”, afirmou o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky. “Cada ataque destes não é feito por necessidade militar, mas sim por uma estratégia deliberada da Rússia para aterrorizar os civis e destruir as nossas infra-estruturas”, acrescentou através do Telegram.


Na cidade de Dnipro, na zona centro da Ucrânia, um prédio de apartamentos foi atingido por um míssil com munição de fragmentação, deixando um morto e 26 feridos, segundo as autoridades locais.

Os subúrbios de Kiev também foram atacados, tal como a região de Mikolaiv, Lviv e Khmelnitskii.

A Ucrânia receia que as novas vagas de bombardeamentos russos sobre o sistema de produção e distribuição eléctrica venham novamente forçar cortes de electricidade em larga escala. No início do mês, um ataque contra uma central de energia termo-eléctrica na região de Kiev deixou grande parte da capital sem electricidade.

Por causa do ataque deste sábado, a Polónia enviou caças para garantir a segurança do seu espaço aéreo, enquanto a prontidão dos sistemas de defesa aérea e de reconhecimento por radar foi posta no nível mais elevado, informou o comando operacional polaco.

Nas últimas semanas, a Polónia interceptou dezenas de drones russos que invadiram o seu espaço aéreo, denunciando o que disse serem provocações da parte do Kremlin. A Rússia rejeitou as alegações de que tenha invadido o espaço aéreo polaco propositadamente.

Na sexta-feira, a Estónia disse que três caças da Força Aérea russa sobrevoaram o país durante vários minutos e também condenou o incidente. Tanto a Polónia como a Estónia pediram reuniões de emergência no âmbito da NATO.

A Ucrânia, por sua vez, tinha atacado com drones na sexta-feira duas refinarias nas províncias de Saratov e de Samara e, segundo o governador de Samara, pelo menos quatro pessoas morreram.

Sem sinal de qualquer progresso nas negociações para um cessar-fogo, o conflito entre a Rússia e a Ucrânia mantém-se num impasse, o que significa que os ataques aéreos devem continuar a intensificar-se.

Zelensky espera ter uma nova oportunidade de persuadir o Presidente dos EUA, Donald Trump, a adoptar uma posição mais dura em relação a Moscovo quando ambos se encontrarem à margem da Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova Iorque, nos próximos dias.

Trump tem hesitado em aplicar novas sanções à Rússia, preferindo insistir com os aliados europeus para que deixem de importar petróleo russo e que imponham tarifas aos produtos chineses.

Recordando que “Trump espera acções fortes por parte da Europa”, Zelenksy, num encontro com jornalistas citado pelo Guardian, disse achar que se está “a perder muito tempo” enquanto as sanções não são aplicadas à Rússia.

“Se a guerra continuar e não houver passos rumo à paz, esperamos sanções”, afirmou.