O país não tem mão-de-obra suficiente para cumprir a promessa do primeiro-ministro, Luís Montenegro, de disponibilizar 133 mil casas públicas até 2030 para as famílias identificadas com graves carências habitacionais, diz Paulo Caiado, presidente da Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal (APEMIP). “É absolutamente essencial aumentar a capacidade construtiva” em Portugal para dar resposta a esse compromisso, defende.

A construção precisa de mais de 80 mil trabalhadores – número recorrentemente apontado pela associação do setor -, e para colmatar essa falha “são necessários mais imigrantes, que têm de ter casa digna”, frisa o responsável. Em paralelo, “é necessário industrializar a construção”.

Segundo Paulo Caiado, a capacidade construtiva instalada no país só consegue edificar 26 mil casas por ano. E “está em plena laboração”, salienta. No atual estado do setor, seria necessário alocar toda a indústria ao objetivo das 133 mil casas e, ainda assim, seriam precisos mais de cinco anos para executar essa meta, o que inviabilizaria a sua conclusão até 2030.

É preciso “apoiar as empresas, apostar em processos construtivos mais eficientes e recorrer a imigrantes, mais e menos qualificados”, defende Paulo Caiado.

Na passada quinta-feira, em Conselho de Ministros, o governo voltou a assegurar que pretendia cumprir com o objetivo de ter as 133 mil casas prontas até 2030, um número que integra os 26 mil fogos financiados pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), no âmbito do 1º Direito – Programa de Apoio ao Acesso à Habitação, que têm estar finalizados até julho de 2026.