O Conselho Nacional da Iniciativa Liberal vai estar reunido este domingo, no Porto, para debater e deliberar sobre o relatório e contas do exercício de 2024 e analisar o apoio do partido à candidatura de João Cotrim Figueiredo às eleições presidenciais, mas ao que o Nascer do SOL apurou a liderança de Mariana Leitão poderá ser contestada por alguns conselheiros. O nosso jornal sabe que, apesar de muitos militantes elogiarem a aposta da nova líder na «renovação de algumas pessoas e de ter criado alguma independência face ao núcleo duro de Rui Rocha», admitem que o seu trabalho está a ser «muito mortiço» e que a posição do partido em relação ao PSD não convence internamente.
«Mariana Leitão está a ter uma atitude interessante em alguns aspetos, nomeadamente na posição anti-PSD e isso vê-se pelas suas intervenções, só que há muita gente dentro do partido que não quer esse afastamento porque agora querem cargos a ganhar. Está a tentar manter a independência do partido, vamos ver se consegue, mas também não sabemos se é uma tentativa honesta ou forçada», confessam alguns militantes ao nosso jornal.
Também o facto de o partido ir para as autárquicas em coligação com o PSD em cerca de um terço do total das candidaturas da IL_está longe de ser pacífico, principalmente no caso de grandes câmaras, como Lisboa e Porto. «O total de coligações é imenso e é pouco justificado, num partido tão recente como é o caso da IL», confessam os mesmos militantes, que dão ainda cartão vermelho ao debate em torno de Lisboa, em que Carlos Moedas, apesar de concorrer coligado com a Iniciativa Liberal, em nada falou de ideias liberais. «O debate não teve nada de liberal, o que significa que houve aqui uma oportunidade gigantesca de comunicação, de estratégia e de crescimento. Sabemos que há pessoas que dizem que se não fosse assim, Carlos Moedas corria o risco de não ganhar. E então? Não somos funcionários do PSD», salientam.
É certo que apesar de reconhecerem que a primeira prova de fogo de Mariana Leitão será as autárquicas – mesmo depois da líder do partido ter admitido em entrevista ao Nascer do SOL_que seria «muito difícil eleger um presidente» de Câmara e que não iria «estar com ilusões» – internamente a última sondagem das legislativas que projeta a Iniciativa Liberal para quarto lugar, atrás do Livre, está a preocupar os militantes. «É gravíssimo, em vez de estarmos a crescer estamos a perder. Não faz sentido», confessam.
Outra dor de cabeça, ao que o Nascer do SOL apurou, diz respeito à aprovação de contas do partido referente a 2024. E, tal como o nosso jornal já avançou, as contas já deveriam ter sido entregues em maio, um atraso que continua a provocar mal-estar interno. «Isto é um processo que é simples. Um partido que é tão liberal, tão transparente, tão isto, tão aquilo, e depois nas contas é sempre esta confusão. As contas já passaram, entretanto, pelo conselho de fiscalização, mas o parecer só diz se estão de acordo com a realidade ou não. E além de serem apresentadas muito tarde, não têm qualquer tipo de detalhe necessário para se fazer uma boa análise», relatam.
Recorde-se que, na mesma entrevista, Mariana Leitão disse apenas que as contas estavam a seguir o seu processo normal: «Já estão no órgão em que é suposto fazer a fiscalização e assim que esse órgão terminar serão apresentadas em Conselho Nacional».
Mais tranquilo no encontro do Conselho Nacional será o apoio do partido à candidatura de João Cotrim Figueiredo às presidenciais. O nosso jornal já tinha avançado que o nome do eurodeputado era visto como uma espécie de tábua de salvação para os liberais. «Não há mais nenhum nome interno que possa fazer frente às outras candidaturas e não nos podemos esquecer que foi ele que conseguiu ‘bater recordes’ nas europeias ao ultrapassar os 9%, garantindo dois lugares no Parlamento Europeu pela primeira vez. Basta recuar a 2019 para perceber que o partido obteve apenas 0,9% e não conseguiu eleger nenhum deputado europeu», reconheceram na altura.