O dérbi não desiludiu. Foi intenso – às vezes quentinho, como se deseja (sempre dentro dos limites, entenda-se) -, teve golos (um deles, o de Mitrovic, de verdadeira antologia), um penálti desperdiçado (ou, em bom rigor, defendido, porque o voo de Lukas Hornicek na sequência do remate de Nélson Oliveira foi de excelência), emoção a rodos e com tudo em aberto até final. Infelizmente para os amantes do futebol… à meia hora estava feito o resultado.

Os níveis de espetacularidade atingiram patamares bastante elevados, sobretudo na primeira parte. Período em que o SC Braga quis mandar no jogo (e mandou) e em que o Vitória adotou uma estratégia mais reativa do que ativa (e conseguiu).

As situações de finalização, essas, surgiram em catadupa. Ora porque os arsenalistas conseguiam ser eficientes na posse, desmontando a pressão contrária para chegar à baliza de Castillo, ora porque os vitorianos eram letais no ataque à profundidade e na forma como variavam o centro de jogo para explorarem os espaços vazios.

Gustavo Silva atirou à malha lateral (8′), João Moutinho tirou tinta ao poste (16′), Ricardo Horta testou a atenção de Castillo (22′), Óscar Rivas tirou mal as medidas (23′) e Gabri Martínez viu Miguel Maga dar o corpo às balas duas vezes na mesma jogada (25′). O(s) golo(s) teria(m) de aparecer. Estava escrito nas estrelas…

Fran Navarro abriu as hostilidades e colocou os cerca de 1.600 adeptos dos guerreiros em delírio. O ponta de lança espanhol aproveitou um ressalto de bola proveniente de um corte de Óscar Rivas após remate de Niakaté e, à entrada da pequena área, atirou a contar.

Mas dérbi que é dérbi não tem grandes momentos mortos e os conquistadores trataram de dar corpo a essa tese: apenas cinco minutos depois, e na sequência de (mais) uma transição rápida, Telmo Arcanjo descobriu Gustavo Silva à esquerda, o brasileiro preparou os cartuchos e Mitrovic… soltou a bomba. Que tiro do jovem médio sérvio, do meio da rua, para o empate no Castelo. Imaginam a festa dos adeptos vimaranenses, certo?

Os bracarenses (também) não caíram e foram atrás de nova vantagem. Mas Ricardo Horta, Fran Navarro e Gabri Martínez perdoaram, o mesmo acontecendo com Niakaté, que cabeceou à barra (44′).

Já na compensação da primeira parte, António Nobre foi chamado pelo VAR. Depois de ver as imagens, o árbitro da partida aceitou a sugestão da Cidade do Futebol e marcou penálti a favor do VitóriaGabri Martínez tinha (de facto) agarrado Miguel Nogueira. E quando os cerca de 24 mil adeptos dos vitorianos já anteviam a cambalhota… Nélson Oliveira não foi matador da marca dos 11 metros. Lukas Hornicek agigantou-se e negou o golo ao ponta de lança.

A etapa complementar continuou a ser riquíssima do ponto de vista tático, mas foi bem mais equilibrada e não teve tantas situações de finalização. Valeu o X no Totobola, mas o 1 e o 2 não deslustrariam. Bravo, vizinhos (e rivais)!