O valor das casas já existentes colocadas no mercado, calculado a partir do Índice de Preços da Habitação (IPH) do INE, bateu um novo recorde no segundo trimestre deste ano ao subir 18,3% em termos homólogos.
Esta subida é superior em 1,3 pontos percentuais (p.p.) ao crescimento registado no trimestre anterior, e que também tinha sido o valor mais elevado desde 2010, quando começou este indicador.
A variação homóloga dos imóveis novos que foram vendidos no segundo trimestre também foi elevada em termos históricos, atingindo os 14,5%, mas acabou por ficar em linha com o registado nos primeiros três meses do ano.
Ao todo, a variação média homóloga foi de 17,2% no período em análise, depois dos 16,3% do primeiro trimestre (até aí, não tinha ido além da casa dos 13%), elevando o IPH para os 258,78 pontos.
Estes dados coincidem com um período de maiores apoios públicos à aquisição de casas pelos jovens.
Ao todo, foram transaccionados 42.889 imóveis entre Abril e Junho, dos quais 34.579 já existiam e 8310 eram novos. Este é um volume expressivo, mas que já foi ultrapassado no último trimestre do ano passado e em mais quatro outros trimestres antes desse, em 2021 e 2022.
Este número de imóveis representa uma subida homóloga de 15,5% e um aumento de 3,7% face ao trimestre anterior.
Do total de imóveis, as aquisições de habitações por famílias chegaram às 37.699, equivalente a 87,9% do total. Em termos globais, as transacções de alojamentos familiares movimentaram 10.270 milhões no segundo trimestre deste ano, tendo batido também um novo máximo (no segundo trimestre de 2019 o valor foi de 5261 milhões) e crescido 30,4% face a idêntico período de 2024.
A maior “fatia” foi na área da Grande Lisboa, responsável por 8189 transacções e 3155 milhões de euros, seguindo-se o Norte com 12.955 vendas e compras de casas (das quais 7096 na Área Metropolitana do Porto [AMP]) envolvendo 2684 milhões (1738 milhões na AMP). Estes valores dão uma média de 245 mil por imóvel na AMP e de 385,3 mil euros na Grande Lisboa. O preço médio a nível nacional foi de 239,5 mil euros, mais 3% do que no trimestre anterior e 12,9% superior ao mesmo período de 2024.
De acordo com o INE, 95% das compras foram feitas por pessoas com domicílio fiscal em Portugal, seguindo-se o grupo de cidadãos da União Europeia, com 3%, e do resto do mundo, com 2%.
Subida superior ao previsto
Numa análise publicada esta segunda-feira, o departamento de estudos económicos do BPI afirmou que subida de 17,2% do IPH foi superior à sua estimativa em três p.p.
A instituição antecipa o mercado imobiliário se manterá este ano “em zona de expansão”, com aumento dos preços e do número de transacções, porque, diz, “os diferentes factores que promoveram a procura em 2024 continuam presentes”.
“Por ora, o evitar da escalada para uma guerra tarifária entre a Zona Euro e os EUA reduziu a incerteza e vai permitindo a contenção da inflação, resultando no estacionar das taxas de juro em níveis considerados neutrais pelo BCE”. Em paralelo, o mercado de trabalho “continua com número de pessoas empregadas em níveis máximos, baixa taxa de desemprego” e os salários sobem em termos reais.
A isso acresce o facto de se manterem medidas de estímulo à procura, “nomeadamente as que dizem respeito às isenções fiscais e garantia pública para jovens na compra de habitação própria permanente.
Do dado da oferta, realça o BPI, “o ritmo da nova construção tem vindo a acelerar em 2025, mas o “output” ainda está longe dos níveis observados na primeira década do séc. XXI”.