O Ministério afirmou em comunicado que o Hospital Infantil Al-Rantissi ficou fortemente danificado por um bombardeamento israelita há alguns dias. Ao mesmo tempo, relatou ataques israelitas nas imediações do hospital Eye, que também obrigaram à suspensão dos cuidados de saúde.

A ocupação visa deliberada e sistematicamente o sistema de saúde na província de Gaza como parte da sua política genocida contra a Faixa de Gaza“, frisou o Ministério da Saúde que é controlado pelo Hamas.

Segundo a nota, “nenhuma das instalações ou hospitais tem rotas de acesso seguras que permitam aos doentes e feridos chegar às instalações”.

Israel não comentou os ataques às unidades de saúde. Separadamente, as forças armadas da Jordânia decidiram que o seu hospital de campanha no bairro de Tel Al-Hawa, na Cidade de Gaza, será transferido para Khan Younis para segurança do pessoal, revelou a agência de notícias estatal jordana Petra na segunda-feira.

Uma fonte militar jordana citada pela Petra afirmou que as imediações do hospital têm sido alvo de bombardeamentos constantes. Os ataques danificaram alguns equipamentos médicos e levaram à suspensão de alguns serviços, acrescentou a fonte.

O hospital de campanha presta serviços no subúrbio da Cidade de Gaza há mais de 16 anos, segundo a agência.

Tanques israelitas avançam na cidade de GazaQuase dois anos após o início da guerra, Israel descreve a Cidade de Gaza como o último bastião do Hamas. Desde que as forças israelitas lançaram o ataque terrestre à cidade este mês, os militares têm vindo a demolir blocos habitacionais.



Na segunda-feira, os residentes disseram que os tanques israelitas avançaram mais profundamente na área de Sheikh Radwan, no norte da Cidade de Gaza, onde se encontram os dois hospitais, enquanto em Tel Al-Hawain os tanques avançaram em direção às partes ocidentais da cidade.

Testemunhas afirmaram à agência Reuters que as forças israelitas usaram veículos carregados de explosivos, detonados remotamente, para fazer explodir dezenas de casas nas duas áreas.

Israel ordenou a todos os palestinianos da Cidade de Gaza que se dirijam para sul, para o centro e sul da Faixa de Gaza. Em mensagens privadas, os militares informaram os trabalhadores humanitários que todos os locais de assistência humanitária, exceto os hospitais, devem ser evacuados.

As zonas da Cidade de Gaza, outrora um movimentado centro comercial e cultural, são agora ruínas inabitáveis. Até há semanas, viviam ali mais de um milhão de pessoas, muitas delas já deslocadas inúmeras vezes.

Numa reunião na segunda-feira no quartel-general militar em Telavive com o ministro da Defesa, Israel Katz, e o Chefe do Estado-Maior, Eyal Zamir, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu reafirmou a sua determinação em eliminar o Hamas, garantir a libertação dos restantes reféns e garantir que Gaza não representa mais uma ameaça para Israel.

Entretanto, as autoridades de saúde locais disseram que pelo menos 25 pessoas foram mortas por disparos israelitas na segunda-feira em todo o enclave, a maioria delas na Cidade de Gaza.

A ofensiva alarmou as famílias dos reféns israelitas ainda detidos pelo Hamas em Gaza. Acredita-se que 20 destes 48 reféns ainda estão vivos.

A ala militar do Hamas divulgou na segunda-feira um vídeo do refém israelita Alon Ohel, de 24 anos. Não se percebe quando o vídeo foi gravado. Ohel foi visto pela última vez num vídeo divulgado pelo Hamas a 5 de setembro.

Um representante disse que a família de Ohel consentiu que os meios de comunicação o identificassem, mas não autorizou a publicação das imagens. O vídeo foi divulgado na véspera do Ano Novo Judaico, conhecido em hebraico como Rosh Hashaná.



Grupos de defesa dos direitos humanos condenaram o Hamas e outro grupo militante em Gaza por divulgarem vídeos de reféns
, classificando-os como um tratamento desumano que equivale a um crime de guerra. As autoridades israelitas descreveram os vídeos como guerra psicológica.

A campanha de dois anos de Israel matou mais de 65 mil palestinianos, a maioria civis, segundo as autoridades de saúde de Gaza, e espalhou a fome, demoliu a maioria dos edifícios e deslocou a maior parte da população do território, em muitos casos, várias vezes.

“Campos centrais” podem ser o próximo alvo

Yaakov Amidror, ex-general, afirmou ao jornal britânico Guardian que os “campos centrais” podem ser o próximo alvo das forças israelitas, uma vez que os trabalhadores humanitários locais afirmam ter sido alertados para os ataques.



Yaakov Amidror, que foi conselheiro de segurança nacional de Benjamin Netanyahu de 2011 a 2013, depois de décadas nas Forças de Defesa de Israel (IDF), acrescentou que o “núcleo duro” do Hamas estava na Cidade de Gaza, mas que “outro capítulo” poderia surgir após a ofensiva: um ataque à zona dos “campos centrais” mais a sul.

Segundo Yaakov Amidror, as forças militares israelitas deverão realizar novos ataques em zonas da Faixa de Gaza, agora sobrelotadas com centenas de milhares de deslocados, assim que concluírem a sua atual ofensiva na Cidade de Gaza.

“A campanha na Cidade de Gaza terá três meses de [combates] intensivos, depois seis meses para a limpar [dos combatentes do Hamas] para que não haja ameaça a partir daí e depois decidiremos sobre os campos centrais”, acrescentou Amidror.



Os “campos centrais” são os campos de refugiados de Nuseirat e Bureij, densamente povoados, no centro da Faixa de Gaza. Ambos estão lotados de palestinianos deslocados de outras partes do enclave e têm sido repetidamente alvo de ataques aéreos.

Oficiais humanitários que trabalham em Gaza disseram ao Guardian que foram “avisados” para não investir recursos substanciais em novas instalações na área dos campos centrais durante as recentes discussões com as autoridades militares israelitas.

“O nosso entendimento claro a partir destas conversações era que as Forças de Defesa de Israel (IDF) entrariam lá, embora não fosse claro se isso significava agora ou depois que terminassem na Cidade de Gaza”, disse um deles.

Em agosto, Netanyahu referiu-se em conferência de imprensa aos campos centrais como um objetivo secundário da nova ofensiva, mas não adiantou mais pormenores.


Mais de 300 mil pessoas foram deslocadas da Cidade de Gaza no último mês, segundo dados da ONU, face à nova ofensiva israelita, que começou na semana passada.


c/Agências