Há autarquias onde o resultado de 12 de outubro terá peso nacional: são populosos, têm vários candidatos a presidente e há possibilidade de troca de protagonistas. Em Almada, a incumbente parte favorita

Almada (CNN Autárquicas 2025) – A CDU nunca se resignou à inesperada derrota a favor do PS em 2017, por escassos 413 votos. Mas Inês de Medeiros logrou aumentar a distância em 2021 para mais de sete mil votos, candidatando-se agora a um terceiro e último mandato, numa eleição em que é dada como favorita, apesar da força do PCP – e de tanto o PSD como o Chega terem selecionado dois forasteiros que ali deverão fazer crescer a direita. Há quatro anos, os partidos de direita, em conjunto, não chegaram aos 20%, ao passo que os de esquerda roçaram os 80%. Dos 11 mandatos na câmara, hoje só um é de direita. Mesmo se as legislativas de maio sugerem mudanças a partir de 12 de outubro.

Boletim: quem é quem?

O município de Almada tem mais de 180 mil habitantes, dos quais 150 mil são eleitores – de que votaram 70 mil nas autárquicas há quatro anos (abstenção de 53%) e 98 mil nas legislativas de maio (abstenção de 35%). A CDU acredita na recuperação da câmara, criticando a atual liderança e insistindo que sempre fez mais pelo concelho, mas o PS mostra-se seguro quanto à reeleição.

Já o PSD está seguro de que pelo menos vai crescer, avançando com um nome forte entre os dirigentes autárquicos do partido: Hélder Sousa Silva foi presidente da Câmara de Mafra entre 2013 e 2024 (ano em que foi eleito para o Parlamento Europeu), o que o faz tentar saltar de uma ponta da área metropolitana de Lisboa para a outra. Também o candidato do Chega, Carlos Magno, vem de fora, tendo sido candidato à câmara de Évora há quatro anos.

Dos comunistas, o candidato é Luís Palma. Bloco e Livre partem em coligação, com Sérgio Lourosa Alves à cabeça. Os liberais são representados por Carlos Alves.

Inês de Medeiros (PS) tenta o terceiro e último mandato (Câmara Municipal de Almada)

Arsenal de campanha

Há um tema central para Almada – ou não estivesse esta cidade colada pelo Tejo a Lisboa: a habitação. A crise habitacional na capital tem empurrado para a margem sul do Tejo muitas famílias, pressionando a dinâmica da procura e os preços. Um dos resultados é o crescimento de bairros de génese ilegal, como Penajóia, que surge – ironicamente – em terrenos da entidade pública responsável pela gestão do património imobiliário, o IHRU. A autarquia reconhece que o ritmo dos problemas na habitação é muito maior do que a capacidade de dar respostas.

População a crescer, necessidades a dobrar. E muitas vezes a pobreza está escondida. Daí a importância de respostas no que respeita a escolas, serviços de higiene urbana, acesso a transportes públicos e a cuidados de saúde. Ao longo dos últimos meses têm-se multiplicado também as notícias de dificuldades nas urgências de ginecologia e obstetrícia do Hospital Garcia de Orta – o que obrigará os candidatos à autarquia a pressionar o Governo no sentido de garantir que as promessas já feitas cheguem mesmo ao terreno.

Os socialistas acenam com o trabalho feito ao longo dos últimos oito anos nestas matérias. Contudo, o que a oposição – à esquerda e à direita – quer vincar é precisamente a falta de resposta às novas realidades que se afirmaram no concelho.

Almada tem procurado mostrar que já não é apenas um dormitório de Lisboa (Pexels)

Currículo de guerra

O passado importa na hora de medir as probabilidades que cada força política tem. Veja como evoluíram as principais forças políticas neste concelho.

Nota: nesta comparação foram apenas tidos em conta os cinco partidos com maior peso eleitoral nas últimas eleições autárquicas, de 2021.