Adrian Fagg / Flickr

Costa norte da Noruega

A Noruega decidiu bloquear a entrada de barcos russos de pesca nas suas águas e alinhar nas sanções da União Europeia. A decisão está a ser contestada pelo Kremlin por violar um acordo bilateral de pesca de 1976.

O Kremlin convocou esta terça-feira o encarregado de negócios da Noruega em Moscovo para protestar formalmente contra o que classificou como “medidas restritivas ilegais” impostas por Oslo a embarcações russas de pesca, intensificando as tensões entre os dois países no contexto das sanções e da gestão de recursos no Ártico.

Segundo o Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia, o protesto foi motivado pela decisão recente da Noruega de impedir que as empresas russas Norebo e Murman Seafood operem em águas norueguesas. Estas empresas atuavam há anos na zona económica exclusiva da Noruega ao abrigo de um acordo bilateral de pesca de 1976.

A 7 de julho, o governo norueguês decidiu alinhar-se com as sanções da União Europeia adotadas em maio, colocando ambas as empresas russas na sua lista nacional de sanções. A medida, justificada por preocupações com espionagem e risco de sabotagem, anulou na prática os direitos concedidos pelo antigo acordo. Moscovo reagiu de imediato, condenando a decisão como “motivada politicamente”.

Num comunicado emitido esta terça-feira, a Rússia acusou a Noruega de uma “grave violação” do acordo de pesca de 1976, alertando que a decisão de Oslo compromete um sistema de cooperação que durante décadas permitiu a gestão sustentável dos recursos pesqueiros partilhados nos mares de Barents e da Noruega.

“O lado russo tomará as medidas necessárias para proteger os interesses da pesca nacional”, declarou o ministério, caso Oslo se recuse a voltar a cumprir os termos do acordo original.

As autoridades norueguesas confirmaram o encontro diplomático, e um porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Noruega disse ao Politico que a Rússia manifestou descontentamento com as decisões de Oslo. No entanto, a Noruega defendeu a sua posição, reiterando o compromisso com a gestão conjunta das pescas, mas também com a solidariedade europeia perante a guerra na Ucrânia e a sua postura russa agressiva em relação aos países da NATO.

“As regras para os portos noruegueses são determinadas pelas autoridades norueguesas”, sublinhou o porta-voz, deixando claro que as preocupações de segurança nacional têm prioridade sobre acordos bilaterais passados.

Este confronto crescente destaca a rutura geopolítica mais ampla entre a Rússia e os países aliados da NATO, especialmente no Ártico, onde os direitos de pesca, os recursos energéticos e os interesses militares se entrelaçam cada vez mais. Analistas alertam que a quebra na cooperação pesqueira poderá ter consequências duradouras para a sustentabilidade dos recursos da região e para a diplomacia no Ártico.

Para já, os dois países mantêm-se em posições opostas: a Rússia exige a reversão das restrições impostas pela Noruega, enquanto Oslo mantém a sua decisão.


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