Em 1976, enquanto o Led Zeppelin ainda reinava no topo do rock, Jimmy Page tomou uma decisão incomum: gravar sozinho uma das faixas mais ambiciosas da banda, sem o conhecimento prévio dos outros integrantes. “Achilles Last Stand”, faixa de abertura do álbum “Presence”, foi arranjada e finalizada por ele em uma única noite.
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Foto: Rhino – Atlantic Records
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“Pra ser honesto, os outros caras não sabiam: ‘Ele ficou maluco? Sabe o que está fazendo?'”, relembrou Page, em fala resgatada pela Far Out. “Mas no final, o quadro ficou claro. Era como uma pequena vinheta, com tudo se encaixando.”
A iniciativa surgiu num momento delicado. Robert Plant ainda se recuperava de um acidente de carro sofrido na Grécia, o que limitou sua participação nas sessões. Diante da incerteza – inclusive se o vocalista voltaria a andar – Page assumiu o controle criativo do projeto.
Em entrevista à Guitar Player em 1977, disse que a experiência, embora tensa, foi revigorante: “Meu controle sobre todos os fatores que contribuíram pra esse disco — o fato de ter sido feito em três semanas e tudo mais — foi muito bom pra mim. Mesmo sendo um período de muita ansiedade, foi positivo de forma geral.”
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Musicalmente, Page chegou a comparar o solo de “Achilles Last Stand” ao lendário solo de “Stairway to Heaven”. Para ele, ambos estão no mesmo patamar em termos de importância. A faixa, com seus mais de dez minutos de duração, marca o lado mais épico e denso da banda, com sobreposições de guitarras e uma construção quase cinematográfica, tudo conduzido por Page em sua fase mais obsessiva.
Mesmo tendo sido criada em um momento de crise, a música se tornou presença constante nos shows seguintes do Zeppelin. Representava o som grandioso e dramático que a banda havia dominado como poucos, mas também simbolizava um ponto de virada: “Presence” foi um dos últimos álbuns antes da lenta dissolução do grupo, que encerraria suas atividades antes do fim da década.
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No fim das contas, “Achilles Last Stand” não foi apenas uma prova de que Jimmy Page conseguia sustentar a máquina Zeppelin sozinho. Foi também uma lembrança de que, mesmo no caos, ele ainda era capaz de criar algo à altura de sua própria lenda.