Ventos violentos e chuvas fortes levados pelo tufão Ragasa chegaram ao Sul da China, depois de o ciclone tropical ter sido responsável pela morte de pelo menos 10 mortos nas Filipinas e 17 em Taiwan, onde várias pessoas continuam desaparecidas depois das águas de uma barragem terem transbordado.
Já em Hong Kong há relatos de destruição com a passagem do Ragasa e pelo menos 90 pessoas sofreram ferimentos, escreve a BBC, que relata que pedaços de metal que se soltaram de edifícios voaram pelas ruas vazias, utilizadas apenas por veículos da polícia. Ainda na terça-feira, uma mulher e o seu filho de 5 anos foram arrastados pelo mar, quando estavam a observar o tufão a partir da orla marítima, noticiou o South China Morning Post, que acrescentou que os dois se encontravam nos cuidados intensivos.
Na China, a autoridade marítima emitiu o alerta vermelho, o mais elevado, pela primeira vez este ano, prevendo ondas de até 2,8 metros em partes da província de Guangdong.
Entretanto, o Observatório de Hong Kong baixou o nível de alerta para o supertufão Ragasa e emitiu o sinal n.º 8 de vendaval ou tempestade, à medida que aquele se afasta da região, avança o China Daily. O sinal n.º 8 significa que o Ragasa gerará ventos com uma velocidade de pelo menos 63 km/h, quando inicialmente estava previsto criar ventos de 118 km/h, o que levou à indicação do sinal de furacão n.º 10, emitido na manhã desta quarta-feira, madrugada em Lisboa.
Desde o início da semana, o Ministério de Gestão de Emergências enviou dezenas de milhares de tendas, camas dobráveis, iluminação de emergência e outros materiais para situações de emergência para Guangdong, onde mais de 770 mil pessoas foram retiradas. O britânico The Guardian avança que perto de dois milhões de pessoas foram retiradas da província.
As pontes ligam Macau às vizinhas regiões de Hong Kong e Hengqin (ilha da Montanha) foram cortadas, as ligações marítimas entre Macau e o interior da China suspensas e as fronteiras encerradas, avançou a Lusa.
Macau, que já tinha subido o nível de alerta para dez, o mais elevado, às 5h30 locais (22h30 em Lisboa), mantendo o aviso vermelho (o segundo mais alto) para possíveis inundações nas áreas baixas da cidade, baixou o nível de alerta de tempestade para 3.
O tufão Ragasa encontra-se já a cerca de 300 quilómetros do antigo território administrado por Portugal, segundo os Serviços Meteorológicos e Geofísicos de Macau, que ainda assim alertam para a instabilidade do tempo pelo menos até quinta-feira, com aguaceiros e ventos fortes, bem como para a ocorrência de trovoadas.
Com a emissão do sinal 3, a Protecção Civil indicou que serão retomados os serviços de transportes públicos, bem como a circulação nas pontes entre a península e as ilhas, para além de serem reabertos os serviços fronteiriços e os casinos da capital mundial do jogo. A escala de alerta de tempestades tropicais é formada pelos sinais 1, 3, 8, 9 e 10, com a emissão a depender da proximidade da tempestade e da intensidade do vento.
A mesma Protecção Civil deu conta de que foram registadas mais de 250 ocorrências à passagem do Ragasa, tendo-se verificadas inundações nas zonas baixas da cidade, com a Companhia de Electricidade de Macau (CEM) a cortar a energia nas zonas do Porto Interior, Praça de Ponte e Horta, Barra e Patane. Mais de 650 pessoas recorreram aos centros de acolhimento, segundo as autoridades, que suspenderam desde terça-feira as aulas por razões de segurança.
Quase 1,9 milhões de pessoas foram realojadas na província chinesa de Guangdong, vizinha de Macau, para onde se dirige aquele que foi descrito como um dos maiores tufões na Ásia nos últimos anos.
O receio de inundações levou o Governo do território a apelar à evacuação das áreas baixas da península e os centros de acolhimento de emergência acolheram mais de 600 pessoas. Os serviços de abastecimento de água tinham emitido igualmente um apelo às entidades gestoras dos edifícios altos nas zonas baixas da cidade para encherem “os depósitos de água potável dos edifícios antes do [eventual] corte de energia”. E todos os casinos receberam instruções para encerrar e proceder às diligências necessárias à segurança dos clientes e hóspedes.
A pior tempestade de 2025
O Centro Meteorológico Nacional da China já tinha classificado o Ragasa como a pior tempestade já registada no planeta em 2025, comparável ao Mangkhut (2018) e ao Hato (2017).
Em Setembro de 2018, o tufão Mangkhut provocou 40 feridos e inundações graves em Macau. Um ano antes, o Hato, considerado o pior tufão em mais de 50 anos a atingir o território, causou dez mortos e 240 feridos. Escolas, fábricas e serviços de transportes públicos foram suspensos em cerca de uma dezena de cidades no Sul da China.
Na terça-feira, o Ragasa passou pelo Norte das Filipinas, onde causou três mortos e desalojou mais de 17.500 pessoas em inundações e deslizamentos de terra, disseram as autoridades. E, na região de Hualine, no Leste de Taiwan, pelo menos 17 pessoas morreram.
Os tufões são fenómenos meteorológicos recorrentes no sudeste da China e em Taiwan durante o Verão e o Outono, quando as águas quentes do oceano Pacífico levam à formação de ciclones.