O Gabrielle perdeu força e é visto nesta manhã como um ciclone pós-tropical. Desde a sua chegada, pelas 22h de quinta-feira (23, em Lisboa), registaram-se 59 ocorrências e a mais forte rajada de vento foi de 123 km/h.

“O que até agora era denominado furacão Gabrielle, perdeu algumas das suas características que o denominavam furacão. Neste momento, a melhor designação que se aplica é um ciclone pós-tropical”, disse, na madrugada desta sexta-feira, à agência Lusa a meteorologista Tânia Viegas, da Delegação Regional dos Açores do IPMA, em Ponta Delgada, na ilha de São Miguel. Contudo, acrescentou, “isto não significa necessariamente, e é o que é válido neste caso, que tenha perdido intensidade ou que as rajadas de vento passem a ser menores”.

O ciclone Gabrielle começou a atingir os Açores pelas 22h locais de quinta-feira. As ilhas dos grupos Central (Pico, Faial, Graciosa, Terceira e São Jorge) e Ocidental (Flores e Corvo) mantêm-se sob aviso vermelho, o mais grave numa escala de três, devido às previsões de precipitação, vento e agitação marítima.

O Serviço Regional de Protecção Civil e Bombeiros dos Açores (SRPCBA) adiantou em comunicado que, entre as 0h locais (mais uma hora em Lisboa) e as 3h07, foram registadas seis ocorrências, tendo cinco acontecido na ilha do Faial e uma na ilha de São Jorge (no concelho da Calheta). “As situações reportadas estão relacionadas com a queda de árvores, queda de postes e um dano em cobertura”, lê-se na nota. Pelas 8h25 desta sexta-feira, no entanto, havia já 59 ocorrências, 22 das foram registadas na ilha do Faial, dez em São Jorge, nove no Pico, nove na Terceira, seis na Graciosa e três em São Miguel. Ainda segundo a SRPCBA, foi necessário proceder ao realojamento de quatro pessoas (três na ilha do Faial e uma na Graciosa). Até ao momento, não há registo de feridos.

Nos locais, para apoio e resolução das ocorrências, encontram-se elementos dos bombeiros voluntários, serviços municipais de Protecção Civil, serviços florestais, obras públicas, forças de segurança e da operadora de telecomunicações Meo, segundo o SRPCBA.

A maior rajada de vento registada pelo IPMA, desde que Gabrielle começou a atingir o arquipélago dos Açores na noite de quinta-feira, foi de 123 km/h, no Faial. “Em termos de vento, a ilha que tem registado rajadas mais intensas é o Faial. A rajada máxima foi registada às 2h10 locais [mais uma hora em Lisboa] e foi de 123 km/h”, disse à agência Lusa, num ponto de situação pelas 3h locais, a meteorologista Rita Mota, da Delegação Regional dos Açores do IPMA, em Ponta Delgada, na ilha de São Miguel.

Já quanto a precipitação, adiantou, os maiores valores acumulados “têm sido registados na ilha Graciosa”. Até ao momento, “o valor máximo acumulado numa hora é de 21 milímetros, e foi registado entre as 1h e as 2h”, revelou. Rita Mota referiu que as ilhas do Faial e do Pico “já estão com um pouco menos”, contudo, em relação ao vento, as populações “ainda deverão estar atentas às indicações que têm sido veiculadas pelo Serviço de Protecção Civil”.

“Em termos de precipitação, as ilhas mais a norte no grupo Central [Pico, Faial, Graciosa, Terceira e São Jorge] têm que ter algum cuidado, especialmente Graciosa e Terceira. Depois, entre as 6h e as 9h, o vento deverá começar a desintensificar nas ilhas de Faial, Pico e São Jorge e intensificar um pouco mais na Graciosa e Terceira”, adiantou.

Quanto ao grupo Ocidental (ilhas das Flores e Corvo), “devido ao ajuste da trajectória mais para Sul Sueste, acabou por não ser tão afectado” pelo vento. “Tem tido alguns períodos de precipitação pontualmente mais intensa, mas, para já, não tem passado disso e, ao longo das próximas horas, deverá começar a registar uma melhoria”, acrescentou.

O grupo Central terá, durante a madrugada e início da manhã, “algumas cautelas”, tudo indicando que também ao início da manhã, as ilhas mais a oeste, já registem “uma melhoria”, a começar por Faial e Pico, seguindo-se Graciosa e Terceira.

Rita Mota admitiu, ainda, que, até às 9h locais, as preocupações devem manter-se, “em especial no grupo Central”. E acrescentou: “Não é de se descurar também, ainda durante o início da manhã, entre as 6h e as 9h, que possa haver um ligeiro aumento da intensidade do vento também no grupo Oriental [São Miguel e Santa Maria], e em especial na ilha de São Miguel.”

O Governo Regional declarou situação de alerta, entre as 18h de quinta-feira e as 18h de sexta, nos grupos Central e Ocidental, proibindo determinadas actividades, devido à passagem do ciclone tropical, nomeadamente com o encerramento de serviços públicos.