Bruno Mazzeo fala sobre documentário sobre o pai, Chico Anysio
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O ator e roteirista dirigiu ‘Chico Anysio: um Homem à Procura de um Personagem’, que estreia no Globoplay. Crédito: TV Estadão
A série documental sobre Chico Anysio – Um Homem a Procura de um Personagem, que chegou ao Globoplay nesta quinta-feira, 25, traz uma revelação em seu quinto e último episódio, dedicado justamente a discutir as inspirações dos mais de 200 personagens que o humorista criou ao longo da carreira. A direção é de Bruno Mazzeo, um dos oito filhos de Chico.
Uma das revelações é que Painho, um dos mais famosos deles, foi inspirado em Sandra Gadelha, ex-mulher de Gilberto Gil e mãe da cantora e empresária Preta Gil (1974-2025). Nos programas de Chico, Painho era um pai de santo baiano, gay e folgado. Uma dos bordões de Painho era “Vá buscar minhas chinelas”.
Chico Anysio, como Painho, acompanhado pela assistente Das Mercês (Aparecida Petrowsky)
Foto: Marcio Nunes/Estadão
Quem conta a história é a atriz e cantora Regina Chaves, uma das seis ex-esposas de Chico Anysio. Ela é comadre da Drão. “O Chico adorava Drão. Ela é a pessoa mais hilária do mundo. E a pessoa mais folgada do mundo também. Ele fez o Painho em cima [inspirado] da Drão”, conta Regina na série.
Nizo Netto, outro filho de Chico, e Mazzeo também revelam que o fazendeiro mentiroso era inspirado no cantor Luiz Gonzaga e o pastor Tim Tones nasceu depois que um amigo de rádio que fazia parte da Legião da Boa Vontade chegou para o humorista e disse que havia ‘encontrado Jesus Cristo na Central do Brasil’.
Em entrevista ao Estadão, Mazzeo disse que o humor feito por Chico Anysio era baseado em questões sociais. “Essa foi a bandeira do humor dele. Ele falava que o humor que ele fazia sempre foi a favor do pobre, do preto, do nordestino. E que o rico no programa dele só fazia papel de ridículo”, disse Mazzeo.
O diretor ainda diz que acha difícil o humor feito por Chico ser repetido nos dias de hoje. “O formato de esquetes e personagens fixos, com bordões, que surgiu com ele e com a turma dele no rádio e foi replicado na TV, e deu origem aos programas do Jô Soares e Agildo Ribeiro, não existe mais, com exceção de A Praça é Nossa. Não sei se funcionaria hoje em dia, com essa coisa mais rápida, com essa nova maneira de se consumir conteúdo”.