As estatísticas não mentem e são avassaladoras. O Benfica teve menos remates, menos remates enquadrados, menos ações na área adversária, menos eficácia de passe, menos ações no meio-campo adversário, menos faltas e menos posse de bola do que o Gil Vicente, sendo que pela primeira vez em sete temporadas não teve qualquer pontapé de canto num jogo da Primeira Liga.

Mourinho e uma equipa que se vê grega para fazer o mínimo (a crónica do Benfica-Gil Vicente)

Os encarnados sofreram muito, também por muito mérito de um Gil Vicente muito bem orientado por César Peixoto, mas conseguiram regressar às vitórias no Estádio da Luz depois de três jogos consecutivos sem ganhar em casa — muito graças às oito defesas de Trubin, um máximo absoluto do Benfica num jogo do Campeonato em sete anos. A equipa de José Mourinho conquistou assim três pontos na antecâmara da deslocação ao Dragão para defrontar o FC Porto, sendo que ainda vai a Londres para defrontar o Chelsea na Liga dos Campeões a meio da semana.

Depois do apito final, José Mourinho não entrou em grandes fantasias sobre o jogo e abordou o contexto de forma racional. “Na globalidade não é o Benfica que queremos — nem eu, nem os jogadores nem ninguém. À Benfica foi o esforço, a entrega, o sacrifício. A equipa está esgotada. Há jogadores verdadeiramente esgotados. O Gil é uma ótima equipa, mas estas ótimas equipas têm uma semana para preparar jogos, detalhes, bolas paradas. É uma coisa que vivi enquanto treinador da União de Leiria. Vivi isto e joguei olhos nos olhos com os grandes. A pressão é tremenda. Há jogadores em dificuldade. Felizmente para o próximo jogo são três dias. Perdemos bola, tivemos pouca bola. Ficam os pontos que neste momento são importantíssimos, romper com os jogos em casa sem ganhar. Gente esgotada, mas com caráter. Tenho prazer em defender os que são atacados. O Richard Ríos deu uma certa segurança, num meio-campo sem o Enzo”, começou por dizer, detalhando depois as substituições que foi fazendo.

“O Sudakov estava em dificuldade. O Schjelderup é o Schjelderup, é um jogador que tem dificuldade em 90 minutos, dificuldade em intensidade, sacrifício de transições, é um jogador de bola no pé. O Lukébakio… Disse que a gasolina não ia durar. Podia tê-lo no banco, mas preferi começar com ele e olhar para o banco. Ver o [Leandro] Barreiro com 25 anos a ser o avô, porque o resto tinha entre 19 e 21 anos. Com este tipo de atmosfera meter os miúdos era complicado. Entrou o Barreiro para ter solidez. O Tomás [Araújo] não é lateral, mas tem capacidade no jogo aéreo. Como lhes disse, sempre que pudermos jogar para a frente, jogamos. Quando chega ao minuto 80, 85, não se podem sofrer golos e hoje houve mais pragmatismo. Três pontos, que é o mais importante”, acrescentou.

“A equipa neste momento não tem identidade. Vive numa zona cinzenta entre ideias do treinador anterior e as minhas. Há contradições e isso não é fácil de ultrapassar. Não temos trabalho de campo. Vamos pensar num jogo de cada vez. Sabemos que jogamos com equipas fortes no seu estádio, ao qual juntamos o Desp. Chaves, mas felizmente não há lesões. Recuperamos o Enzo que estava em extremas condições de fadiga. Alguns a roçarem o risco de lesão. O que de bom fizemos foi a resiliência e mentalidade”, terminou.

Já Pavlidis, que marcou os dois golos dos encarnados, reconheceu que foi uma noite “difícil”. “Nós fizemos um bom jogo, mas foi difícil. Na segunda parte não atacámos como queríamos, mas o mais importante foram os três pontos conquistados. Estamos felizes pois temos jogos diferentes à nossa frente. Todos temos de lutar pela equipa. Quando não estamos confiantes temos de fazer o dobro, correr quilómetros para conservar os três pontos. Os últimos três jogos em casa não foram bons e tenho de agradecer aos adeptos que sempre nos apoiaram. Nós vamos dar sempre 100% pelo clube”, explicou o avançado grego.