A Meta, empresa-mãe do Facebook e Instagram, está a desenvolver uma tecnologia que poderá tornar os ratos e os teclados obsoletos. Trata-se de uma pulseira inovadora capaz de transformar os seus gestos em comandos digitais, o que abre um novo leque de possibilidades na interação com dispositivos eletrónicos.

O que é a tecnologia sEMG-RD utilizada pela Meta nesta pulseira?

Investigadores da Reality Labs, a divisão de investigação da Meta, criaram uma pulseira que interpreta os sinais elétricos que o cérebro envia para a mão, permitindo controlar um computador com um nível de precisão surpreendente. Esta tecnologia não só possibilita mover um cursor e clicar em ícones, como também consegue transcrever para texto a caligrafia feita no ar.

O potencial desta inovação é vasto: promete aumentar a acessibilidade de dispositivos digitais para pessoas com mobilidade reduzida ou fraqueza muscular.

Num artigo científico publicado na revista Nature, a equipa da Reality Labs detalhou o funcionamento do seu dispositivo de investigação, denominado sEMG-RD (surface electromyography research device).

A pulseira utiliza sensores de eletromiografia de superfície para detetar os sinais neuromotores que viajam através do pulso. Estes sinais são, na essência, as instruções que o cérebro envia para que a mão execute uma determinada ação. A pulseira capta estas intenções e converte-as em comandos digitais para um dispositivo conectado.

Este projeto não é recente. Em 2021, uma equipa liderada por Thomas Reardon, diretor de interfaces neuromotoras da Reality Labs, já tinha apresentado um protótipo com o objetivo de replicar interações simples, como um clique de rato, para experiências de realidade aumentada. O trabalho agora publicado representa a evolução natural desse conceito.

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Interface adapta-se ao utilizador

Embora já existam outras tentativas de criar sistemas de controlo por gestos, como a Mudra Band para o Apple Watch, a tecnologia da Meta distingue-se por um avanço crucial: não necessita de calibração individual. Normalmente, sistemas deste tipo exigem que cada pessoa realize uma série de gestos para que o software aprenda a interpretar os seus sinais específicos.

A equipa da Meta contornou este obstáculo ao desenvolver um método de recolha de dados em grande escala. Utilizando os dados de milhares de participantes, treinaram uma rede neural para criar modelos de descodificação genéricos.

O resultado é um sistema que funciona de forma precisa para qualquer pessoa, logo na primeira utilização, tal como um rato convencional. Esta universalidade é fundamental para uma futura adoção em massa.

As capacidades do sEMG-RD já são notáveis. Além do controlo de um cursor, permite navegar em interfaces através de gestos como o pinçar de dedos, o deslizar do polegar ou toques. Uma das funcionalidades mais impressionantes é a escrita no ar, que atinge uma velocidade de cerca de 20,9 palavras por minuto – um valor competitivo, considerando que a média de escrita num teclado de telemóvel ronda as 36 palavras por minuto.

 

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