Mariana Cassani de Oliveira / LEMON / FCM-UNICAMP
Não é só nos órgãos: partículas que derivam de combustíveis fósseis podem mesmo penetrar na medula óssea e causar perturbações no metabolismo humano.
As partículas de plástico que ingerimos sem nos apercebermos são derivadas de combustíveis fósseis e altamente prejudiciais. Agora, estas partículas com menos de 5 mm de tamanho, foram encontradas no interior profundo dos nossos ossos.
“Um conjunto significativo de investigações sugere que os microplásticos podem penetrar profundamente no tecido ósseo, como a medula óssea, e potencialmente causar perturbações no seu metabolismo”, diz à Science Alert o cientista e médico brasileiro Rodrigo Bueno de Oliveira, um dos autores de um estudo da Universidade Estadual de Campinas, publicado este ano na Osteoporosis International.
Para além de poderem reduzir o crescimento ósseo, estas partículas podem ainda provocar perturbações nos osteoclastos (células que apoiam o crescimento e a reparação dos ossos) podem enfraquecer a estrutura óssea, o que torna os ossos mais vulneráveis a deformidades e fraturas.
“Estudos in vitro com células de tecido ósseo demonstraram que os microplásticos comprometem a viabilidade celular, aceleram o envelhecimento das células e alteram a sua diferenciação, além de promoverem inflamação”, explica Bueno de Oliveira.
“Os efeitos adversos observados culminaram, de forma preocupante, na interrupção do crescimento esquelético dos animais”, ressalta ainda.
Embora isto possa não se traduzir diretamente para os ossos humanos, a prevalência global de osteoporose – uma condição em que os ossos se tornam mais frágeis e propensos a fraturas – está a aumentar. Os investigadores suspeitam que os microplásticos possam ser um fator de peso.