Depois do enorme sucesso de Super Mario Party Jamboree, seria legítimo esperar uma expansão à altura — bem pensada, bem integrada e tecnicamente sólida, à imagem do jogo original. Contudo, Super Mario Party Jamboree — Nintendo Switch 2 Edition + Jamboree TV soa mais a pretexto para um relançamento do que a verdadeira evolução. Embora mantenha os ingredientes essenciais da diversão familiar, esta edição deixa sensações mistas e a dúvida se vale realmente a pena dar o salto para a nova versão.
A grande novidade desta expansão é Jamboree TV, uma espécie de programa de televisão conduzido pelo sempre entusiástico Toad, onde os jogadores participam em quatro modos principais: Show do Bowser, Montanha de Diversão, Mario Party e Jogo Livre. A dinâmica de game show funciona bem, com um toque cómico e envolvente, especialmente para quem joga em grupo e aprecia o estilo mais performativo da série.
As novas funcionalidades da Switch 2 — como o microfone embutido no Joy-Con — são utilizadas de forma pontual e pouco ambiciosa. No Show do Bowser, o microfone entra em acção, mas apenas em quatro minijogos, nenhum deles particularmente memorável ou inovador. O ruído acaba por ser mais do que a recompensa. Já a câmara externa, um acessório vendido em separado, consegue proporcionar momentos inesperadamente cómicos ao captar reacções em tempo real dos jogadores e projectá-las no ecrã, num estilo que remete para as fotografias de montanha-russa tiradas nos parques de diversões. Apesar do efeito visual interessante, o custo elevado do acessório torna difícil justificar o investimento apenas por este detalhe.
Em alguns minijogos o Joy-Con transforma-se num rato
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A surpresa chamada “modo rato”
A funcionalidade mais inesperada — e, curiosamente, a mais bem conseguida — é o uso do Joy-Con como rato na Montanha de Diversão. Nesta modalidade, os jogadores embarcam numa das cinco montanhas-russas temáticas — Vulcânica, Estratosférica, de Diversão, Assombrada e Desafiadora — e enfrentam um total de 14 minijogos, sempre jogados em pares. A diversidade e criatividade destes minijogos é um dos pontos altos da expansão. Num deles, chamado Spam do Bowser, temos de organizar emails em três pastas diferentes, de forma rápida e criteriosa. No minijogo Casquinha Dupla, o desafio passa por servir bolas de gelado em cones que se acumulam a um ritmo acelerado. E em Cerca Dupla, o objectivo é empurrar o maior número possível de goombas em direcção a portões, numa acção frenética e descontrolada. A mecânica do rato revela-se refrescante, embora pouco ergonómica — o Joy-Con não tem a ergonomia de um verdadeiro rato, e o desconforto instala-se ao fim de poucos minutos de uso mais intenso.
Novos modos e velhos problemas
Para os fãs do Mario Party clássico, Jamboree TV inclui também o modo tradicional, agora com visuais adaptados à Switch 2 e alguns minijogos com suporte para o modo rato. A maior novidade é o Modo Frenético, uma versão mais curta e acelerada da festa, ideal para quem não tem disponibilidade para sessões longas. Aqui, o número de rondas é reduzido para cinco e todos os jogadores começam o jogo com uma estrela, um dado duplo e cinquenta moedas, o que contribui para uma experiência mais caótica, mas também mais empolgante.
Os jogos que recorrem à câmara garantem muita diversão em grupo
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Já o Modo Equipa transforma o Mario Party num confronto 2v2, onde cada par partilha moedas, itens e estrelas. A dinâmica de cooperação funciona bem e obriga a uma estratégia partilhada, que exige comunicação e planeamento, o que acaba por dar nova profundidade à experiência — especialmente interessante quando jogado com amigos próximos ou em contexto familiar.
No entanto, o grande problema desta edição reside na desconexão entre o jogo base e a expansão. Apesar de o nome prometer uma adaptação à Switch 2, o jogo original permanece inalterado. A resolução não foi melhorada, as funcionalidades de microfone e câmara não foram integradas, e até modos cruciais como o Modo Pro — mais exigente e focado na estratégia — estão ausentes. O sistema de recordes e conquistas foi simplesmente eliminado, deixando a sensação de que se perdeu tanto quanto se ganhou.
Neste minijogo, o jogador controla o carrinho através da voz. Uma boa ideia, que se pode tornar muito ruidosa
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Na prática, os jogadores são forçados a escolher entre manter o conteúdo completo e maduro da versão anterior ou experimentar os novos visuais e funcionalidades, mas com menos profundidade e opções.
O preço total desta edição é de 80 euros, sendo que os jogadores que já tenham o jogo original podem adquirir a expansão Jamboree TV por 20 euros. Apesar de continuar a ser uma proposta sólida — muito por mérito da base onde assenta —, é difícil não sentir que a Nintendo foi pouco ambiciosa e até algo preguiçosa nesta actualização. O jogo base continua a destacar-se pelos sete tabuleiros bem desenhados, pela excelente Brigada Anti-Bowser e pela adorável Cozinha Rítmica, mas a expansão não deixa a mesma marca.
Veredicto
Super Mario Party Jamboree — Nintendo Switch 2 Edition + Jamboree TV é um jogo que entretém e diverte, mas que também desilude por não ser a evolução que se esperava. A expansão oferece momentos engraçados e ideias criativas, mas sacrifica conteúdos valiosos e falha ao não actualizar o jogo base. Um bom ponto de entrada para novos jogadores, mas uma proposta difícil de justificar para quem já está na festa desde o início.