O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, instou no domingo o Partido Trabalhista a deixar de “olhar para o umbigo” e a unir-se contra o Reform UK, acusando o partido populista em ascensão de planear uma “política racista” de deportações em massa caso chegue ao poder.
O Labour está bem atrás do Reform nas sondagens e Starmer deu início à conferência anual do partido, em Liverpool, apelando aos militantes para que concentrem a sua indignação nesse adversário — liderado pelo veterano da campanha do “Brexit”, Nigel Farage — em vez de no seu próprio comando.
“Temos pela frente a luta das nossas vidas, porque temos de enfrentar o Reform. Temos de os derrotar, e agora não é tempo de introspecção ou de olhar para o umbigo”, disse à BBC News. “Precisamos de estar nessa luta unidos.”
As próximas eleições legislativas estão previstas apenas para 2029, mas com a popularidade do Reform em forte crescimento, Starmer procura impor uma narrativa positiva após semanas difíceis, marcadas pelas demissões da sua vice-líder e do embaixador britânico em Washington.
A conferência dá-lhe a oportunidade de mobilizar o partido e re-direcionar a frustração dos críticos que pedem a sua substituição, incluindo o autarca de Manchester, Andy Burnham.
Mas a batalha não é fácil.
Starmer e a ministra das Finanças, Rachel Reeves, enfrentam pressões internas para aumentarem a despesa pública e relaxarem as regras orçamentais auto-impostas, que determinam o equilíbrio das contas correntes até 2029. No entanto, o governo deverá anunciar um aumento de impostos no orçamento de 26 de Novembro para respeitar essas regras.
“O orçamento é um momento absolutamente crítico para percebermos se a direcção vai mudar”, afirmou Sharon Graham, líder do Unite, um dos maiores sindicatos britânicos.
“Devemos parar de andar às voltas e fazer isso [mudar as regras orçamentais]. Se esse orçamento não trouxer nada de substancial… teremos um problema sério, porque sem dinheiro para fazer mudanças, nada mudará.”
Enquanto membros mais à esquerda criticam Starmer por não ter melhorado o nível de vida como prometera nas eleições do ano passado, os centristas receiam que os mercados possam castigar o governo caso a despesa pública aumente.
A política central do Reform UK é a restrição da imigração, um dos temas que mais preocupa os eleitores.
Starmer dirigiu então o seu ataque ao partido de Farage: “Uma coisa é dizer que vamos remover migrantes ilegais, pessoas que não têm direito a estar aqui. Eu apoio isso”, afirmou. “É algo completamente diferente dizer que vamos procurar pessoas que estão aqui legalmente e começar a expulsá-las… Acho que é uma política racista e considero-a imoral.”
Segundo a empresa de sondagens Ipsos, apenas 13% dos eleitores estão satisfeitos com Starmer, enquanto 79% se dizem insatisfeitos — o pior resultado de um primeiro-ministro desde que a empresa começou a recolher dados em 1977.
Starmer afirmou que não está a ignorar as críticas e que será julgado por três critérios: a melhoria do nível de vida, a qualidade dos serviços públicos e o sentimento de segurança das pessoas nas suas casas. Reuters