“O momento para uma ação decisiva já deveria ter sido tomado há muito tempo, e contamos com uma forte resposta dos Estados Unidos, da Europa, do G7 e do G20″, escreveu o presidente ucraniano no Telegram.
O presidente ucraniano prometeu que o seu país “contra-atacaria”.
“É precisamente assim que a Rússia demonstra a sua verdadeira posição. Moscovo quer continuar a lutar e a matar e merece apenas a pressão mais dura do mundo. O Kremlin beneficia da continuidade desta guerra e deste terror enquanto as receitas energéticas fluírem e a frota paralela operar“, acrescentou Zelensky na rede social.
Já no seu tradicional discurso noturno, o presidente ucraniano recordou que “enquanto as Nações Unidas realizavam sessões da assembleia-geral, a Rússia utilizou literalmente cada dia, cada hora, para atacar a Ucrânia”. Kiev não conseguiu até agora convencer o presidente dos EUA, Donald Trump, a impor sanções punitivas a Moscovo.
Além do corte nas receitas energéticas de Moscovo, Zelensky revelou ainda que gostaria de construir um escudo aéreo de defesa conjunto para se proteger contra as ameaças da Rússia, juntamente com os seus parceiros europeus.
Os líderes da NATO afirmaram que a Rússia tem vindo a testar a prontidão e a determinação da aliança com incursões no espaço aéreo da Polónia e dos países bálticos, e Kiev afirma que a sua experiência em lidar com ameaças aéreas seria valiosa.
“A Ucrânia propõe à Polónia e a todos os nossos parceiros a construção de um escudo conjunto totalmente fiável contra as ameaças aéreas russas“, disse num discurso no Fórum de Segurança de Varsóvia, transmitido por videoconferência.
“Isto é possível. A Ucrânia pode combater todos os tipos de drones e mísseis russos e, se agirmos em conjunto na região, teremos armas e capacidade de produção suficientes.”
Questionado sobre Donald Trump, Zelensky afirmou que a atitude do presidente norte-americano em relação à Ucrânia e à segurança na Europa tinha mudado.
“Até hoje, a posição do presidente Trump, na minha opinião, é verdadeiramente equilibrada e apoia a posição da Ucrânia, embora, sem dúvida, ele queira permanecer e ser um mediador entre nós e a Rússia para pôr fim a esta guerra.”
Kiev quer mísseis Tomahawk
Os EUA estão a considerar o pedido da Ucrânia para obter mísseis Tomahawk de longo alcance para o seu esforço de guerra, afirmou o vice-presidente J.D. Vance.
Zelensky solicitou aos EUA que vendessem Tomahawks a países europeus que os enviariam para a Ucrânia.
Esta segunda-feira, o Kremlin revelou que especialistas militares russos estavam a monitorizar o possível fornecimento de mísseis Tomahawk de longo alcance dos EUA à Ucrânia, mas que isso não iria alterar a situação no campo de batalha. No domingo, em declarações à Fox News, o vice-presidente afirmou que, “Donald Trump iria tomar a decisão final sobre a autorização ou não do acordo”.
O inquilino da Casa Branca já negou os pedidos da Ucrânia para a utilização de mísseis de longo alcance no passado – os Tomahawks têm um alcance de 2.500 quilómetros –, mas está frustrado com a recusa de Moscovo em chegar a um acordo de paz.
Vance disse ainda que a invasão russa estagnou, com poucos ganhos territoriais na Ucrânia recentemente. “Os russos precisam de acordar e aceitar a realidade. Muitas pessoas estão a morrer. Não têm muito para mostrar.”
Mais de 12 horas de ataques
O ataque a Kiev e a outras partes da Ucrânia matou pelo menos quatro pessoas, no que Zelensky classificou como um ataque “vil e cobarde”.
A Rússia lançou quase 600 drones e mais de 40 mísseis de cruzeiro num bombardeamento que durou mais de 12 horas, entre a noite de sábado e a manhã de domingo. Os principais alvos foram a capital ucraniana e as regiões de Zaporizhzhia, Khmelnytskyi, Sumy, Mykolaiv, Chernihiv e Odesa.
O presidente ucraniano observou que os bombardeamentos ocorreram no final da semana da Assembleia Geral da ONU em Nova Iorque, durante a qual Donald Trump manifestou apoio a Kiev.
Um míssil destruiu a maior parte de uma rua no distrito de Petropavlivska Borshchahivka, em Kiev, enquanto a queda de uma laje de betão matou uma menina de 12 anos. Duas das outras mortes ocorreram numa clínica de cardiologia da capital.
Em todo o país, 67 pessoas ficaram feridas, segundo as autoridades locais. Zelensky descreveu o ataque à cidade de Zaporizhzhia, no sudeste do país, como “extraordinariamente violento”, com quase 40 feridos, enquanto imagens nas redes sociais mostraram vários edifícios gravemente danificados e em chamas
Drone ucraniano mata duas pessoas na região de Moscovo
Uma idosa e o seu neto de 6 anos morreram na segunda-feira num incêndio provocado por um ataque de drone ucraniano na região de Moscovo, revelou o governador regional, Andrei Vorobiev.
Durante a noite, “quatro drones foram abatidos por sistemas de defesa aérea em Voskresensk e Kolomna”, duas cidades da região de Moscovo, escreveu Vorobiev no Telegram.
Em Voskresensk, o ataque matou uma mulher de 76 anos e o seu neto de 6, que morreram num “incêndio residencial” provocado por um ataque com um drone, segundo a mesma fonte.
Em várias outras casas da cidade, as janelas foram partidas, as paredes danificadas e a iluminação pública interrompida, acrescentou Vorobiev.
A Ucrânia ataca regularmente a Rússia com drones, em resposta aos bombardeamentos massivos russos que têm atingido o território ucraniano desde o início da ofensiva de grande escala lançada pelas tropas russas em 2022.
c/ agências