Conforme envelhecemos, alguns órgãos podem sofrer alterações estruturais e funcionais. Ou seja, eles podem envelhecer junto conosco. Um estudo recente publicado na revista The Lancet mostrou que o pulmão é um dos órgãos que podem sofrer variação na sua função à medida que ficamos mais velhos.
De acordo com o estudo, o pico da nossa capacidade pulmonar acontece por volta dos 20 anos no sexo feminino e aos 23 anos no sexo masculino. A partir dessa faixa etária, essa função começa a diminuir sem uma fase de platô.
“O envelhecimento causa uma redução na elasticidade pulmonar. O pulmão tem algumas fibras, como a elastina, que vai se perdendo ao longo do tempo”, explica Marcelo Rabahi, pneumologista do Einstein Hospital Israelita à CNN.
Além disso, o envelhecimento leva à fraqueza dos músculos extratorácicos [de fora do pulmão], como o diafragma, por exemplo, responsável por quase 50% do ato de inspirar e expirar, de acordo com Rabahi.
“Outro ponto é o nosso sistema de limpeza. O pulmão tem umas ‘vassourinhas’ que funcionam para retirar todas as impurezas. Nós respiramos 20 mil vezes em 24 horas, e muitas impurezas são levadas para esse sistema ao longo do tempo, e ele também vi perdendo um pouco sua função”, completa.
Fatores ambientais, doenças e estilo de vida também influenciam no envelhecimento pulmonar
Apesar de ser um processo natural, alguns fatores podem acelerar o processo de envelhecimento pulmonar e sua perda de funcionalidade. São eles a poluição do ar e o fumo que, de acordo com Rabahi, causam agressões ao sistema respiratório.
Porém, além disso, doenças não tratadas adequadamente na infância também podem repercutir na função pulmonar na fase adulta. “Infecções respiratórias na infância diagnosticadas de forma tardia e tratadas de forma equivocada podem levar a um crescimento pulmonar ruim”, afirma o especialista.
A exposição a fumaça de cigarros, incluindo os eletrônicos, na infância também pode impactar a saúde pulmonar infantil e levar a consequências futuras. “Tudo isso influencia diretamente no crescimento pulmonar e vai causar, no futuro, problemas relacionados a pulmões pequenos, com redução da sua capacidade [pulmonar], de condicionamento em exercícios e levando ao favorecimento de infecções, sem contar outras doenças, como, por exemplo, enfisema e até fibrose no pulmão”, diz.
Como saber que a capacidade do seu pulmão não está boa?
Uma função pulmonar prejudicada pode causar alguns sintomas. O principal deles, que serve como sinal de alerta, é a tosse, principalmente quando não está associada a infecções respiratórias e é persistente. Outro ponto importante é a falta de ar.
Além desses sintomas, é possível testar sua capacidade pulmonar e saber se o seu pulmão está envelhecido ou não. Alguns deles podem ser feitos em casa e incluem tarefas, a princípio, simples, como subir escadas ou fazer caminhadas de longas distâncias.
“A partir disso, é importante perceber se essas atividades te deixam ofegante ou te levam a ter tosse e entender o quanto elas são toleráveis ou não”, explica Rabahi. “Então, os testes caseiros são, basicamente, realizar alguma atividade física.”
Alguns exames também são capazes de testar a função pulmonar, como a espirometria, que mede a quantidade de ar que entra e sai dos pulmões, assim como a resistência para a passagem do ar e a capacidade de o oxigênio chegar ao sangue.
“Esses exames são uma realidade na avaliação do pneumologista e, com eles, conseguimos saber como está o estado de saúde do pulmão e até inferir que ele está mais velho do que a idade biológica do paciente”, finaliza.