A tela Romans Parisiens (Yellow Books), de Vincent van Gogh, será o destaque do leilão da Sotheby’s em Nova York, marcado para 20 de novembro de 2025. Avaliada em US$ 40 milhões, cerca de R$ 213 milhões, a natureza-morta pintada em 1887 surge como a peça central entre as 37 obras da coleção Cindy e Jay Pritzker e pode estabelecer um novo recorde de venda para uma obra do período parisiense do artista.

A estimativa milionária coloca a pintura em condições de superar a marca alcançada por Canto de um Jardim com Borboletas, vendida em 2024 por US$ 33,2 milhões, segundo o The Art Newspaper. Esta será a primeira vez que Romans Parisiens retorna ao mercado desde 1994, quando foi adquirida pela família Pritzker. O óleo sobre tela mede 73 x 93 centímetros e retrata uma mesa coberta por 22 livros encadernados em capa amarela e um vaso com três rosas cor-de-rosa, em referência ao ambiente íntimo de Van Gogh em Paris.

Para o especialista em arte Martin Bailey, ouvido pelo Infobae, a obra vai além da aparência de uma simples natureza-morta. “Van Gogh via pouca diferença entre artistas e escritores, acreditando que ambos podiam transmitir emoção por meio da tinta ou das palavras”, afirmou. O estudioso sugere que o quadro pode ser lido como uma forma de autorretrato simbólico, no qual o pintor se representava através de seus objetos pessoais.

A trajetória da pintura reforça seu peso histórico. Exposta pela primeira vez em 1888 na Société des Artistes Indépendants, em Paris, não foi vendida à época. Décadas depois, passou por coleções na Europa até ser leiloada na Christie’s em 1988, por pouco mais de sete milhões de libras, antes de ser adquirida pelos Pritzker em 1994. Desde então, esteve em exibições de prestígio, como na Royal Academy de Londres e no Art Institute of Chicago.

Além de Van Gogh, o pregão reunirá outras obras avaliadas em US$ 120 milhões, incluindo Leda et le cygne, de Henri Matisse, e La Maison de Pen du, Gardeuse de Vache (1889), de Paul Gauguin. Estão também entre os destaques Der Wels (1929), de Max Beckmann, e Hallesches Tor, Berlim (1913), de Ernst Ludwig Kirchner. A coleção Pritzker ainda abrange peças históricas, como uma tapeçaria millefleur medieval e esculturas orientais, evidenciando a amplitude e a diversidade do acervo.