“De forma alguma, e não está escrito no acordo“, disse Netanyahu num vídeo na rede social Telegram em resposta a uma pergunta sobre se tinha “aceitado um Estado palestiniano”, “mas uma coisa ficou clara (durante as conversações com Trump): opor-nos-emos firmemente a um Estado palestiniano“.
O plano para Gaza apresentado por Trump estipula que, em última análise, “as condições poderão finalmente ser cumpridas para abrir um caminho fiável em direção à autodeterminação e ao estabelecimento de um Estado palestiniano”. “Estamos firmemente contra um Estado palestiniano. O presidente Trump também o disse; disse que compreende a nossa posição. Declarou ainda na ONU que tal medida seria uma enorme recompensa pelo terror e um perigo para o Estado de Israel. E, claro, não concordaremos com isso”, realçou.
Benjamin Netanyahu garantiu ainda esta terça-feira que o exército israelita permaneceria “na maior parte da Faixa de Gaza”.
“Recuperemos todos os nossos reféns, vivos e de boa saúde”, acrescentou.
“Disseram-nos: devem aceitar as condições do Hamas (…) As Forças de Defesa de Israel (FDI) devem retirar-se, e o Hamas pode fortalecer-se, controlar a Faixa… Não, não, isso não vai acontecer“, frisou no vídeo em hebraico publicado na sua conta de Telegram.
Sobre a deslocação a Nova Iorque e a Washington, o primeiro-ministro israelita considerou que, “foi uma visita histórica. Em vez de o Hamas nos isolar, invertemos o jogo e isolamos o Hamas”
“Agora, o mundo inteiro, incluindo o mundo árabe e muçulmano, está a pressionar o Hamas para aceitar as condições que estabelecemos em conjunto com o presidente Trump: libertar todos os nossos sequestrados – vivos e mortos – enquanto as FDI permanecem na maior parte do território.Hamas ainda não respondeu ao plano de TrumpUm alto funcionário do Hamas afirmou que o grupo ainda não tinha recebido o plano de 20 pontos proposto, mas um funcionário informado sobre o assunto informou posteriormente à AFP que os mediadores do Catar e do Egito se reuniram com o Hamas para fornecer o documento.
O Hamas não participou nas rondas de negociações que antecederam o plano de Trump, que pede ao grupo militante islâmico que se desarme, uma exigência que já tinha sido rejeitada. O primeiro-ministro do Catar, o xeque Mohammed bin Abdulrahman Al Thani, e o chefe dos serviços de informação do Egito, Hassan Mahmoud Rashad, “acabaram de se reunir com os negociadores do Hamas e partilharam o plano de 20 pontos. Os negociadores do Hamas disseram que o iriam analisar de boa-fé e dar uma resposta”, acrescentou a fonte, em declarações à AFP sob anonimato.
O Hamas afirmou ainda que vai discutir o plano de paz de Donald Trump para Gaza internamente e com outras fações palestinianas antes de dar uma resposta.
Já em declarações à Reuters, uma fonte próxima do Hamas afirmou que o plano era “completamente tendencioso a favor de Israel” e impunha “condições impossíveis” com o objetivo de eliminar o grupo.
“O que Trump propôs é a adoção total de todas as condições israelitas, que não concedem ao povo palestiniano ou aos residentes da Faixa de Gaza quaisquer direitos legítimos“, disse à Reuters fonte da autoridade palestiniana, que pediu para não ser identificada.
Trump avisou o Hamas que, caso rejeite a proposta, Israel terá todo o apoio dos EUA para tomar as medidas que considere necessárias.
A proposta exige que o Hamas se renda e desarme eficazmente em troca do fim dos combates, da ajuda humanitária e da promessa de reconstrução em Gaza. O território foi devastado pela guerra, com o número de mortos a ser agora superior a 66 mil palestinianos, de acordo com o Ministério da Saúde de Gaza.
c/agências