Depois de praticamente ter duplicado o seu valor em bolsa numa única sessão, a Impresa continua a ver as suas acções a registar fortes ganhos, numa altura em que os investidores antecipam a entrada da italiana MediaForEurope (MFE) no capital da empresa, que poderá representar um prémio significativo para os accionistas da dona do Expresso e da SIC. Em dois dias, a valorização da Impresa já ultrapassa os 130%.

A impulsionar as acções está o interesse manifestado pelo MFE, grupo de media controlado pela família do antigo primeiro-ministro italiano Silvio Berlusconi, em adquirir uma participação relevante na Impresa, uma informação avançada inicialmente pela imprensa italiana e depois confirmada pela própria empresa portuguesa, após a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) ter suspendido as suas acções.

“Em resposta ao pedido de esclarecimento da CMVM, a Impresa informa que, de acordo com informação prestada pela sua accionista maioritária, no âmbito das negociações tornadas públicas com o grupo MFE, não se encontra afastada a possibilidade da aquisição por este de uma participação relevante (directa ou indirecta) para efeitos de controlo na Impresa, reiterando que, nesta data, não existe qualquer acordo vinculativo para o efeito”, refere a empresa no comunicado ao regulador, sem adiantar mais detalhes.

De acordo com a imprensa italiana, o grupo MFE, detido em 75% pela família Berlusconi, estará a avaliar duas possibilidades: ou a aquisição do grupo como um todo, ou apenas dos oito canais que integram o negócio televisivo, bem como a plataforma digital Opto. A operação poderá avançar até ao final do ano, o que, a acontecer, terá de assumir a forma de uma oferta pública de aquisição (OPA). Por esta altura, e depois das valorizações em bolsa desta e da última sessão, a Impresa já está avaliada em mais de 50 milhões de euros.

É a perspectiva deste negócio, que poderá representar ganhos relevantes para os accionistas da Impresa, que está a justificar o desempenho da cotada. Na segunda-feira, a empresa fechou a valorizar perto de 97%, praticamente duplicando o seu valor. Já esta manhã, a empresa chegou a subir mais de 25% e, por esta altura, segue a apreciar acima de 20%, negociando perto dos 30 cêntimos por acção, o que representa um ganho de 138% em relação à cotação que era registada na sexta-feira, antes de as negociações com o MFE terem sido noticiadas. A empresa nunca havia registado ganhos desta dimensão desde a sua entrada em bolsa.

A concretizar-se, a operação representará uma solução rápida para uma empresa que enfrenta uma crise financeira há vários anos. Os dados mais recentes, relativos ao primeiro semestre deste ano, apontam para que, nessa altura, a Impresa registasse prejuízos de 5,1 milhões de euros. Já as receitas voltaram a diminuir, ascendendo a perto de 86 milhões, e os custos operacionais continuaram a aumentar. Enquanto isso, a dívida remunerada líquida já ultrapassava os 148 milhões de euros no final de Junho, um aumento de 13% em relação ao final de 2024.