Trump apresentou o seu plano de 21 pontos esta segunda-feira, na Casa Branca, ao lado do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, que deu o seu apoio à proposta. O Hamas recebeu a proposta segunda-feira à noite, das mãos de intermediários, e ainda não reagiu oficialmente.
“Vamos esperar uns três ou quatro dias”, afirmou Trump.
“Todos os países árabes concordam, os países muçulmanos concordam, Israel concorda. Estamos apenas à espera do Hamas. E o Hamas aceitará ou não. E se não aceitar, acabará de forma muito triste“, disse Trump.
Mais tarde, perante a maioria dos generais e almirantes norte-americanos, reunidos de forma bastante invulgar em Quântico, o presidente norte-americano ameaçou o Hamas com o “inferno”.
“Falta-nos uma assinatura, e eles vão redimir-se no inferno se não assinarem. Espero que assinem para o seu próprio bem e criem algo verdadeiramente grandioso”, declarou Donald Trump.
Apelo de Guterres
O apoio internacional ao plano do presidente norte-americano foi alargado, apesar das críticas de alguns analistas, para quem ter deixado o grupo islamita de fora da sua elaboração foi uma má opção.
Especialmente, o apoio dos países árabes ao plano, incluindo a promessa segunda-feira do Catar, tradicional apoiante negocial do Hamas, de trabalhar estreitamente com os EUA e Israel pela paz, pode implicar um isolamento do grupo palestiniano.
“O regresso deles não pode esperar. Este não é apenas um guião para os trazer de volta. É também um plano para acabar com a tirania do terror desencadeada a 7 de outubro,” acrescentou Danny Danon.
O secretário-geral das Nações Unidas apelou todas as partes a aceitarem o plano de Trump.
“É agora crucial que todas as partes se comprometam com este acordo e com a sua implementação”, acrescentou António Guterres, elogiando o plano e o “importante papel dos países árabes e muçulmanos” para o alcançar.
Ceticismo em Gaza
A proposta norte-americana prevê um cessar-fogo, a libertação em 72 horas dos reféns mantidos pelo Hamas, o desarmamento do movimento islâmico que governa Gaza desde 2007, a retirada gradual do exército israelita, o envio de uma força internacional e o estabelecimento de uma autoridade de transição.
Enquanto os países ocidentais e árabes e a própria Autoridade Palestiniana manifestaram otimismo com a aplicação do plano, prometendo colaborar com os EUA, os palestinianos no terreno reagiram com ceticismo.
Acreditam que a ausência do Hamas das negociações e a exigência de que renuncie à governação do enclave podem comprometê-lo. “Não é realista“, referiu um habitante de Gaza.
Apesar de aguardar ainda pela resposta do Hamas, Donald Trump insistiu entretanto em Quântico que merece inteiramente o Prémio Nobel da Paz pelos seus esforços. O contrário seria um “insulto” aos Estados Unidos, considerou.
“Vão dar o prémio a um tipo que não fez absolutamente nada”, disse o presidente nortes-americano. “Seria um grande insulto ao nosso país”.