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A invenção da penincilina por Alexander Fleming é considerada o maior avanço da história de medicina
O cheiro a mofo era um estranho “sumo de bolor” na placa de Petri de Alexander Fleming. A partir daí, por acidente, a história da medicina mudou para sempre. Estava criado o primeiro antibiótico da história: a penicilina.
Há 97 anos. No dia 28 de Setembro de 1928, Alexander Fleming acordou com um bolor estranho a crescer na sua placa de Petri.
Como recorda a Live Science, o físico e microbiologista escocês tinha estado a fazer experiências num quarto muito pequeno, com 1 metro quadrado, numa torre dentro do St Mary’s Hospital, em Londres.
O cientista cultivava bactérias de doentes hospitalares infetados; deixava as culturas durante duas ou três semanas. Depois, inspecionava cada placa para ver se algo interessante tinha crescido nela, antes de a deitar fora.
A descoberta da penicilina ocorreu depois de Fleming ter estado duas semanas fora e ter deixado uma placa de bactérias destapada no laboratório por acidente. Quando voltou, o cientista reparou numa mancha de bolor verde a intersetar as colónias bacterianas amarelo-douradas.
O fungo chamado Penicillium notatum tinha matado as bactérias. Essa substância formaria a base do primeiro antibiótico.
Revolução na medicina por acidente
“Quando acordei pouco depois do amanhecer de 28 de Setembro de 1928, certamente não planeei revolucionar toda a medicina ao descobrir o primeiro antibiótico do mundo, ou assassino de bactérias”, disse Fleming mais tarde, citado pela Live Science.
Fleming determinou que o “sumo de bolor” vinha de uma espécie fúngica que o cientista acabou por identificar como Penicillium.
No ano seguinte, quando descreveu a sua descoberta numa reunião, Fleming foi surpreendido pelo desinteresse dos seus colegas médicos.
Além disso, isolar o esquivo “sumo de bolor” também se revelou um desafio, pelo que a descoberta ficou estagnada durante uma década.
Só em 1939, os cientistas Howard Florey e Ernst Chain voltaram a dar atenção àquela substância. A sua equipa de investigação isolou a penicilina do bolor, testou a substância amarelada e pulverulenta para curar um punhado de doentes. No entanto, o composto ainda era relativamente impuro.
Em 1942, Fleming estava a tratar um jovem doente que estava doente com meningite grave. Descobriu que o pó matava a infeção bacteriana do doente, e telefonou a Florey e Chain para obter parte da sua reserva, mesmo não estando purificada. Injetou-a no canal medular do rapaz e o doente recuperou.
Após esta recuperação milagrosa, Fleming ficou convencido de que a penicilina precisava de ser produzida em massa. Fez essa proposta ao governo, e depressa surgiu um esforço conjunto entre os EUA e o Reino Unido para produzir a substância em massa. Em 1945, o primeiro antibiótico estava amplamente disponível.
Fleming, Florey e Chain ganhariam o Prémio Nobel de Medicina de 1945 pelo seu trabalho na descoberta, isolamento e produção da penicilina.
Em 1964, Dorothy Hodgkin ganharia o Prémio Nobel de Química por elucidar a sua estrutura cristalina, o que ajudou os químicos a conceber antibióticos posteriores.
Segundo a Live Science, as estimativas apontam para que, desde a sua descoberta, a penicilina já tenha salvado 500 milhões de vidas.