Ao nono jogo, quando parecia esgotar-se a série imparável de triunfos da era Francesco Farioli, o FC Porto acelerou mais uma vez em cima da meta para passar o sinal de perigo que o Estrela Vermelha exibiu no Dragão. Depois do final de Salzburgo, o FC Porto voltou a vencer ao cair do pano (2-1), graças a um golo fácil de Rodrigo Mora (89′), na segunda ronda da Liga Europa.

Protegendo-se da erosão provocada pelo ciclo de três jogos em seis dias, claramente a projectar o clássico frente a um Benfica com mais dois dias de recuperação, Francesco Farioli foi ao limite do risco com oito alterações no “onze” inicial.

O técnico portista só não mexeu na baliza, no pilar da defesa Bednarek e no lateral Martim Fernandes, suspenso para a recepção aos “encarnados”.

Apesar da “revolução”, o FC Porto manteve o espírito, a agressividade e a capacidade de circular a bola, esperando o momento certo de atacar um Estrela Vermelha que precisou de quase 30 minutos para se situar e encontrar as referências face a um adversário radicalmente diferente do imaginado pelos sérvios.

Nesse hiato, o FC Porto colocou-se em vantagem, com William Gomes a marcar aos 8 minutos o segundo golo na prova, depois da estreia em Salzburgo. Desta vez, não houve golo de autor, mas sim um penálti conquistado por Deniz Gül, agarrado por Tebo em zona proibida.

Gül justificaria a confiança nele depositada por Farioli e só não ampliou a vantagem porque o ex-Sp. Braga Matheus Magalhães voou para uma importante defesa.

No FC Porto era, contudo, latente o nervosismo de Rodrigo Mora. E depois do primeiro sinal de perigo do Estrela Vermelha, a explorar uma distracção de Martim Fernandes, com Ivanovic a cabecear sobre a barra, a formação sérvia tornou-se na primeira equipa a marcar no Dragão em 2025-26, com Kostov, de 17 anos, a assinar o segundo golo sofrido pelos portistas na era Farioli.

Um golo que traduzia o crescimento do Estrela Vermelha e expunha as fraquezas de um conjunto portista algo deslumbrado que foi obrigado a conferir a factura da falta de experiência de grande parte das suas unidades.

Alarcón, um extremo da equipa B, que se estreou a titular na formação principal, deu espaço a Kostov no livre apontado por Tomás Händel (esteve perto de ser “dragão”), a castigar uma carga de Mora a Radonjic. O resultado foi o golo do empate numa fase de desnorte e de avolumar de erros que poderia ter sido fatal para os “azuis e brancos”.

Perdida a vantagem, o FC Porto tinha 45 minutos para conseguir o nono triunfo consecutivo, com Farioli a chamar Froholdt e a salvaguardar Bednarek (com Pablo Rosario a baixar para central), trocando Martim por Alberto Costa.

O FC Porto parecia esperar um rasgo de Mora ou William Gomes enquanto Pablo Rosario se mentalizava das novas funções e a equipa procurava equilibrar-se com o contributo do jovem dinamarquês.

William tentou surpreender Matheus, mas foi o Estrela Vermelha a mostrar as garras com Arnautovic a falhar o segundo golo dos visitantes.

Farioli percebeu que precisava de mais alguns pesos-pesados, pelo que chamou Pepê e Borja Sainz, que contribuíram para o resgate da confiança abalada. Mora esteve na iminência de marcar após desmarcação de Borja, cuja posição ainda teria de ser revista.

Rodrigo Mora acabaria mesmo o jogo como homem de área, a outra posição em que Farioli acredita que o jovem portista pode fazer a diferença. Premonição ou golpe de sorte de campeão, Farioli acertou e Mora ofereceu a vitória ao FC Porto, com o tempo a esgotar-se e o Estrela Vermelha, que até podia ter marcado antes, a cair aos pés do “dragão”.